A leishmaniose é uma doença infecciosa, porém, não contagiosa, causada por parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos. Existem dois tipos de leishmaniose: leishmaniose tegumentar ou cutânea que se caracteriza por feridas na pele que se localizam com maior frequência nas partes descobertas do corpo, e a leishmaniose visceral ou calazar que é uma doença sistêmica, pois acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea.
A leishmaniose canina é uma doença causada por um parasita (Leishmania) que invade diversos órgãos provocando graves lesões. É uma zoonose (doença transmitida dos animais para o homem) presente em mais de 70 países do mundo. A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) pertence ao complexo das leishmanioses e é transmitida por insetos vetores que afetam tanto seres humanos como animais domésticos e silvestres. É uma doença que afeta principalmente cães, mas também animais silvestres, gambá ou saruê, e urbanos como ratos, gatos e humanos. Não se pega leishmaniose de cães e outros animais, apenas pela picada do inseto que estiver infectado.
O cão é apenas mais um hospedeiro da leishmaniose visceral. É também o mais estudado e injustiçado, mesmo que todos os cães do mundo deixassem de existir, a leishmaniose visceral continuaria a crescer, como inclusive ocorre nas cidades onde há matança indiscriminada de cães como “forma de combate à doença”.
Mais de 50% dos cães infectados não apresentam sintomas, porém são transmissores da doença. Os animais infectados nem sempre apresentam sinais evidentes. No entanto, constituem sinais de alerta mais vulgares, febre irregular, queda do pelo (em especial em volta dos olhos), perda de peso, lesões cutâneas persistentes, emagrecimento, crescimento exagerado das unhas. Também há sintomas nos órgãos internos, como crescimento do fígado e outras alterações. Entretanto, esses sintomas são comuns em outras doenças bem menos graves; assim, se seu cão apresentar esses sintomas não quer dizer que o mesmo esteja com leishmaniose.
O método que possui todas as características desejáveis para um diagnóstico rápido e confiável é o exame citológico, devido a sua alta sensibilidade e especificidade, baixo custo, maior praticidade e rapidez, características estas que não estão presentes conjuntamente em nenhum outro método de diagnóstico. Para que a suspeita clínica seja elucidada com segurança, o diagnóstico deve ser também baseado na sintomatologia clínica e nas condições epidemiológicas da região.
Para prevenir a leishmaniose é necessário adotar uma série de medidas:
– Detenção responsável dos animais,
– Orientação sobre a doença por médicos veterinários,
– Diagnóstico precoce da doença,
– Educação da população sobre a importância do saneamento básico.
Repelir o mosquito é uma importante medida de prevenção, pois sem picada não há transmissão. Aconselha-se o uso de repelentes de mosquitos (coleiras ou aplicações em spot-on). Manter quintal e canis limpos e telados, colocar o cão para dormir em lugares telados.
Os cães são particularmente vulneráveis às picadas dos flebótomos nas horas em que estes se encontram mais ativos, ou seja, ao amanhecer e ao anoitecer. Assim, deve-se evitar passear com os animais durante esse período, principalmente junto às zonas de água.
O tratamento do cão é uma forma de controle individual, mesmo porque ocorrem recidivas mais frequentes no cão. Eutanásia é a última forma de controle e, de fato, a menos eficiente. Prova disso é que a política brasileira de prevenção da doença, por meio da eutanásia de milhares de cães, não proporcionou nos últimos 50 anos nenhuma mudança no controle da doença.
Existem estudos já comprovados que mostram que um animal infectado em tratamento pode se tornar não transmissor da doença para o inseto (cura epidemiológica).
Outra forma de prevenção é a vacinação, existe vacina para leishmaniose e ela previne que 80 a 95% dos cães se infectem com leishmania pela picada do inseto.
A primeira vacina contra a leishmaniose visceral canina é brasileira, desenvolvida pela professora do Instituto de Microbiologia da UFRJ Clarisa Beatriz Palatnik de Sousa, ela obteve uma licença definitiva. Estudos comprovam que a imunização de cães pode ajudar a reduzir significativamente o número de casos, e até erradicá-los, uma vez que não existe vacina para humanos. A vacina já se encontra disponível em vários lugares do país.
Fonte: O Globo
Adaptação: Revista Veterinária
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