Neurologia clínica em pequenos animais

O mercado de trabalho para o médico veterinário espelha-se cada vez mais na medicina humana. E isso é devido a dois fatores fundamentais: a necessidade do veterinário em descobrir alterações e tratá-las com maior eficácia e qualidade e à exigência da própria população por melhores cuidados com seus animais, nossos pacientes.

Devido à formação generalizada do curso de medicina veterinária, torna-se necessário o aperfeiçoamento em diversas áreas da clínica de pequenos animais. A neurologia é uma área que vem despertando interesse por ser uma medicina pouco conhecida e que precisa ser desvendada. O médico veterinário ou estudante muitas vezes se depara com casos neurológicos de difícil interpretação por ser uma medicina pouco explorada ao longo de sua graduação.

Pequenos animais podem apresentar alterações neurológicas em qualquer fase da vida. Essas alterações podem se manifestar de forma aguda ou sutil, progredindo lentamente durante vários meses. Existem algumas raças que são mais predispostas a certas alterações neurológicas que outras.

Os animais com sintomas neurológicos podem apresentar lesão primária no sistema nervoso ou apresentar uma doença metabólica ou sistêmica que afeta o sistema nervoso de forma secundária, sendo nesses casos importante a avaliação por um médico veterinário experiente.

De acordo com Paula Mayer, especialista em Neurologia em pequenos Animais e Professora do CPT Cursos Presenciais, os animais com uma doença neurológica podem apresentar discretos déficits como alteração da sensibilidade facial, cegueira em um olho, ataxia e até mesmo crises convulsivas generalizadas “clássicas” e mais complexas como raiva sem causa determinada ou caçar moscas imaginárias.

Os sintomas podem ser mais ou menos evidentes dependendo da localização e da extensão da lesão. Diferentes doenças podem causar alterações clínicas muito semelhantes.

Paula Mayer cita que as principais doenças neurológicas de caráter genético são a Epilepsia idiopática, disfunção cognitiva e provavelmente a meningoencefalite necrotizante. Lesões cerebelares também podem ser hereditárias como, a abiotrofia, onde há degeneração das células cerebelares. Assim como alterações medulares podem também ser genéticas, exemplo disso é a mielopatia degenerativa e a síndrome de Wobbler.

 Em muitos casos além da obtenção do histórico e exame físico completo, é necessária a realização de exames complementares específicos na obtenção do diagnóstico, seleção da melhor forma de tratamento e determinação do prognóstico. Dentre os exames complementares atualmente disponíveis somente em alguns centros especializados, a mielografia e a tomografia apresentam grande importância, pois permitem a visibilização de estruturas anatômicas contidas no crânio (no caso da tomografia) e na coluna vertebral (mielografia e tomografia).

Ainda de acordo com a especialista o neurônio é constituído basicamente pelo corpo neuronal e o axônio. Quando há lesão grave do corpo neuronal infelizmente o neurônio morre por necrose ou apoptose. Mas, se a lesão no axônio não afetar o metabolismo do corpo neuronal existe o que chamamos de plasticidade neuronal, ou seja, ocorre o crescimento do axônio. Além disso, na plasticidade há também uma reorganização das sinapses, ou seja, dependendo do grau de acometimento do sistema nervoso pode ocorrer essa plasticidade e recuperação se a doença for diagnosticada precocemente e tratada da melhor forma.

Nos animais mais jovens, a incidência de má formação e de doenças infecciosas é grande. A má formação mais frequente em cães é a hidrocefalia, principalmente nas raças de pequeno porte, tais como Poodle toy, Yorkshire e maltês. Animais acometidos podem ou não apresentar alteração na conformação da cabeça associada a alterações de comportamento. Embora intoxicação e traumas possam ocorrer em qualquer idade, filhotes, devido sua curiosidade, estão mais sujeitos a apresentar tais alterações. Principalmente nesse período, as orientações fornecidas pelo médico veterinário quanto ao manejo e realização do esquema da vacinação correto são fundamentais, reduzindo a incidência de doenças infecciosas e de “acidentes”.

Nos animais adultos, doenças infecciosas (principalmente a cinomose em cães e a peritonite infecciosa em gatos) e inflamatórias são frequentes. Doenças degenerativas do disco intervertebral (tais como hérnia de disco) são frequentes, principalmente nas raças condrodistróficas (por exemplo, Dachshund, Beagle e Cocker). Nos cães adultos, a epilepsia idiopática (animal apresenta somente convulsões recorrentes) é bem frequente, especialmente em algumas raças, tais como pastor alemão e poodle. Animais epilépticos, principalmente os de grande porte, apresentam com frequência o chamado “estado epiléptico” (convulsões seguidas por mais de cinco minutos, sem retorno de consciência).

Nos animais idosos, a incidência de doenças metabólicas, neoplásicas primárias ou metástases, vasculares (infarto, derrame, isquêmia, AVC), degenerativas aumenta. Tanto cães quanto gatos de qualquer raça e sem definição racial podem apresentar tumores cerebrais, sendo o mesmo especialmente frequente em certas raças, por exemplo, Boxer.

Para que o médico veterinário adquira conhecimento teórico-prático sobre essa área de grande demanda, é importante a especialização em curso de que abordem a Neurologia Clínica de Pequenos Animais.

 Fonte: CPT Cursos Presenciais

Adaptação: Revista Veterinária

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Atualizado em: 27 de dezembro de 2012