Os procedimentos de aspiração folicular associados a outros procedimentos de reprodução, maturação in vitro (MIV) e fertilização in vitro (FIV) de oócitos, permitem a exploração do potencial reprodutivo das fêmeas ovinas, de maneira revolucionária.
A aspiração folicular em ovinos pode ser realizada por meio de laparotomia ou por laparoscopia. A laparotomia, a princípio, é uma das técnicas que oferece maior taxa de colheita de embriões e oócitos (células que, por meio de divisões meióticas, dão origem ao óvulo), podendo ser 10 a 15% superior quando comparada às demais. Porém esse resultado positivo diminui com o decorrer da repetição da colheita.
Nas ovelhas, em função de seu tamanho, a técnica que apresenta melhores resultados é a colheita de oócitos por laparoscopia (COL), por ser menos invasiva, proporcionar recuperação mais rápida e poder ser realizada várias vezes na mesma fêmea, além de proporcionar menos estresse ao animal em função da rápida execução.
Essa técnica também é menos traumática ao ovário que a obtenção dos oócitos por ultrassom, pois através da técnica de COL, apenas o córtex é perfurado durante a aspiração, enquanto que durante a colheita por ultra-som, a agulha, geralmente, alcança o folículo com perfuração do estroma ovariano. Além disso, ela possui rendimento maior em comparação à colheita de oócitos realizada por ultrassom.
A técnica COL pode permitir que o uso repetido em doadoras de alto valor genético e a produção de embriões na espécie ovina sejam maiores. Apesar de a quantidade de oócitos recuperados a cada sessão de aspiração ser relativamente baixa, a possibilidade de colheitas repetidas, em intervalos reduzidos, e a superestimulação hormonal das doadoras são o que aperfeiçoa essa técnica.
Além disso, a COL torna possível a produção de descendentes em situações onde produzir embriões por superovulação não é aplicável, tais como em animais pré-púberes, gestantes, púberes, com idade avançada e com problemas de infertilidade adquirida.
No entanto, em alguns casos a laparotomia é mais indicada, porque permite a exposição dos ovários facilitando o procedimento, principalmente em fêmeas que não foram submetidas ao tratamento superestimulatório, já que o pequeno tamanho dos ovários ovinos dificulta a aspiração pela técnica laparoscópica.
Em fêmeas pré-púberes também é utilizada a técnica de aspiração folicular por laparotomia, devido ao espaço de acesso restrito para a cavidade abdominal. Durante o procedimento de aspiração, os ovários expostos e eventualmente porções uterinas devem ser constantemente umedecidos com solução fisiológica e lavados ao término da aspiração com a solução soro fisiológico adicionado de 0,2% de Heparina. Essas lavagens são muito importantes para diminuir a formação de aderências.
A partir do desenvolvimento da COL tornou-se possível aplicar comercialmente a técnica de produção "in vitro" (PIV) de embriões também na espécie ovina com maior segurança e longevidade das doadoras. A PIV é constituída de quatro principais etapas: obtenção dos oócitos, maturação e fecundação "in vitro" destes oócitos e cultivo "in vitro" dos embriões.
A técnica de COL, aliada à PIV, pode acelerar o processo de expansão de um limitado número de animais geneticamente valiosos quando introduzidos em nova região. Por reduzir muito o intervalo entre gerações, constitui-se forma mais eficaz que o tradicional teste de descendência para a avaliação da condição genética da fêmea e da sua capacidade de transmissão de seus caracteres desejáveis.
Estudos com bovinos comprovaram que novilhas podem ser estimuladas com hormônio folículo-estimulante (FSH) para repetidas aspirações foliculares por laparoscopia a intervalos curtos sem danos evidentes aos ovários ou interferência na posterior capacidade de procriar. Considerando-se que a frequência da aspiração folicular não afeta a posterior resposta superovulatória em vacas, pensa-se que o mesmo ocorra em ovelhas.
Fonte: CPT Cursos Presenciais