A falha de concepção, as perdas embrionárias e os abortos são uma realidade, na reprodução equina . Por este motivo as éguas, especialmente aquelas que já tiveram problemas, devem ser devidamente preparadas para a época reprodutiva que se segue.
Para entender sobre a reprodução é importante conhecer o seu ciclo reprodutivo. O aparelho reprodutor da égua é constituído por ovários, oviductos ( ou trompas de Falópio), útero, cérvix, vagina e vulva.
- Os ovários são as estruturas nas quais se desenvolvem os folículos, e vesículas que contêm cada uma um óvulo em desenvolvimento. Quando o óvulo atinge o ponto máximo de maturação ele é libertado pelo folículo num processo a que se chama de ovulação, e é capturado pelo infundíbulo e transportado depois até ao oviducto.
- No oviducto que o óvulo será (ou não) fertilizado. No caso de ser fecundado o óvulo tranforma-se em embrião e viaja até ao útero onde se vai implantar e gerar um potro. Se não for fecundado acaba por degenerar.
- O útero é portanto a estrutura na qual se desenvolve o embrião e dai se pode ver a importância desta estrutura se encontrar nas melhores condições e livre de infecções.
- O cérvix é uma estrutura que funciona como uma barreira entre o útero e a vagina, e está aberto na fase em que a égua está em cio (receptiva) para permitir a entrada de espermatozóides, e fechado na fase de diestro (não receptiva) ou no caso de gestação.
O ciclo reprodutivo da égua constitue em duas épocas . Uma época reprodutiva na qual a égua tem vários ciclos, e uma época não reprodutiva.
O fim do Verão e o Inverno são conhecidos como anestro ou época não reprodutiva, enquanto que a Primavera e o Verão geralmente constituem a época reprodutiva, sendo a luz o fator chave para o inicio da época reprodutiva.
Cada ciclo dura em média 21 a 23 dias, e tem duas fases:
– A fase de estro (cio) em que a égua está receptiva ao garanhão (e na qual pode ficar gestante) e que dura 5 a 7 dias. Nesta fase o folículo que está no ovário desenvolve-se devido ao estímulo provocado por hormônios (que são produzidas no cérebro e ovários da égua) e depois ovula.
– A fase de diestro é a fase em que a égua não está receptiva ao garanhão e que dura 12 a 14 dias. Nesta fase o folículo que deixou de existir transforma se numa estrutura a que se chama de corpo lúteo ou corpo amarelo. Esta estrutura tem a função de produzir um outra hormônio (a progesterona).
O acompanhamento por ecografia possibilita identificar quando a égua vai ovular, para ser feito a cobertura. Quando não é possível o acompanhamento da égua por ecografia ela deve ser coberta de 48 em 48 horas (dia sim dia não) após o inicio do cio, ou seja, a partir do momento em que se encontra receptiva ao cavalo, até o rejeitar. Quando a égua é acompanhada por ecografia é então possível acompanhar o desenvolvimento dos folículos nos ovários e prever o momento da ovulação. A ovulação ocorre geralmente no fim do cio e por isso é o último salto que vai ser determinante para a égua ficar gestante.
No caso da cobrição natural o acompanhamento ecográfico é desejável, embora não seja indispensável, mas no caso da inseminação artificial com sémen refrigerado e especialmente o congelado torna-se uma necessidade absoluta. O acompanhamento da égua não permite apenas determinar o momento da ovulação e a melhor altura para ser coberta, mas também detectar problemas que possam surgir durante esta fase.
No caso da reprodução assistida que consiste no acompanhamento da égua pelo veterinário durante a época reprodutiva, este acompanhamento começa por um exame reprodutivo de rotina, que inclui: uma avaliação completa do estado de saúde da égua e da sua história reprodutiva; um exame físico geral para identificar algum problema físico evidente ou não; um exame de conformação perineal da égua (da vulva); palpação retal; ecografia; vaginoscopia e exame manual da vagina e cérvix; citologia e cultura uterina (consiste numa análise ao útero para avaliar a presença ou não de inflamação ou infecção).
O ideal é que estes exames sejam feitos antes do início da época reprodutiva de modo a possibilitarem correção de alguns problemas que possam aparecer e deste modo o animal se apressentar á cobrição na melhor condição possível.
Após concluído este exame inicial e depois de feita a avaliação do estado reprodutivo, a égua é então acompanhada ecograficamente ao longo do seu ciclo de modo a ser possível identificar e resolver eventuais problemas que possam surgir.
Algumas éguas não ficam gestantes e outras não conseguem levar a gestação até o fim, mesmo após todos os exames, tratamentos e ajustes de manejo. Uma potra fêmea já nasce com todos os seus óvulos para a vida inteira, ou seja, uma égua com 18 anos de idade tem óvulos com 18 anos de idade. Com o envelhecimento podem ocorrer alterações nestes óvulos que resultam numa morte embrionária precoce ou falha de concepção.
O papel do garanhão também não pode ser esquecido, o uso de um garanhão muito fértil irá aumentar as probabilidades de gestação.
Fonte: Mundo dos Animais
Adaptação: Revista Veterinária
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