O cavalo que fratura uma perna infelizmente, ainda nos dias de hoje é geralmente sacrificado após sofrerem esse tipo de lesão, pois têm poucas chances de ter uma recuperação bem-sucedida. Para tentar descobrir novas técnicas que aumentem as chances de um cavalo diante de uma fratura os pesquisadores estão trabalhando muito. No entanto, a cura parece distante.
Devido a uma combinação de fatores, a cura da perna de um cavalo é difícil. Suas pernas devem absorver um impacto considerável, já que seu corpo pesado galopa em alta velocidade. Os cavalos praticam bastante atividade física, o que pode levar à deterioração dos ossos da perna e a um risco maior de queda. Outro fator a ser considerada é a quantidade de ossos que eles têm na perna. Dos 205 que formam o corpo todo de um cavalo, 80 ficam nas pernas. O complexo sistema de articulações, ossos, ligamentos, tendões, cartilagem, lubrificante, lâminas e cascos, que contribui para a sua incrível velocidade, também pode ser a causa de sua queda. Além disso, entre 60 e 65% do peso de um cavalo concentram-se nas suas pernas dianteiras, é por esse motivo que a maioria das lesões ocorre nelas.
As pernas dos cavalos podem ser afetadas por muitos problemas como inflamação, osteoartrite problemas nas articulações, doenças e, naturalmente, ossos quebrados. A recuperação é mais complicada porque os cavalos não podem ficar deitados o tempo todo. Eles foram feitos para permanecer em pé a maior parte do tempo, inclusive enquanto dormem.
Embora os cavalos ainda sejam sacrificados com frequência após fraturarem uma perna, o procedimento, hoje em dia, geralmente é realizado de uma maneira mais humana, com uma injeção intravenosa de barbiturato, administrada por um veterinário. Não são somente os cavalos de corrida que sofrem lesões nas pernas, os pôneis também. Além de coices e quedas, acidentes simples, como pisar em falso, podem causar fraturas e lesões sérias. A fadiga e a estrutura musculoesquelética do próprio cavalo também podem ser fatores determinantes. Problemas pré-existentes difíceis de diagnosticar, como tendões distendidos, fraturas e microfraturas, também podem contribuir para a fratura dos ossos.
Existem vários fatores que ajudam a determinar se um veterinário será capaz de curar a perna quebrada de um cavalo e fazer com que ele volte a ser saudável. São eles:
- O tipo de fratura faz uma grande diferença na hora de determinar se o cavalo conseguirá se recuperar com êxito. A gravidade das fraturas é bastante variada. Por exemplo, na fratura incompleta, o osso racha, mas não se quebra totalmente. Ela é mais fácil de ser tratada do que uma fratura completa, que pode resultar na fragmentação do osso. Muitos cavalos com fraturas incompletas conseguem se recuperar. Lesões extensas e múltiplas fraturas estão mais ligadas a uma possível necessidade de eutanásia.
- Cavalos mais jovens geralmente têm mais chance de se recuperar de uma perna quebrada porque seus ossos ainda estão se desenvolvendo. Esses cavalos normalmente são mais leves e colocam menos peso sobre a lesão.
- O sucesso da cura varia conforme a parte da perna em que o osso quebrou. Por exemplo, uma fratura na parte inferior pode ser difícil de reparar porque os cavalos apresentam menos vasos sanguíneos nesse local. O processo de recuperação pode levar ainda mais tempo se a fratura ocorrer em um dos ossos maiores do animal.
Mesmo que o dono do cavalo decida dar uma chance à perna quebrada para se recuperar, existem várias coisas que podem dar errado no processo de recuperação. No processo de reabilitação pode haver muita dor envolvida. Algumas pessoas acham que o sacrifício do animal é mais humano do que deixá-lo viver e sofrer.
Dificilmente se consegue salvar a vida de um cavalo apenas amputando a perna quebrada. Os cavalos não são como os cachorros, que conseguem ter uma vida razoavelmente ativa com três patas. Eles são mais pesados e esse peso pode causar problemas para os outros cascos. Infelizmente, poucos cavalos conseguem adaptar-se a próteses.
O tratamento de uma perna quebrada pode apresentar muitas complicações. Alguns problemas podem afetar a recuperação do cavalo como, por exemplo:
- Os cavalos, em geral, são animais pesados e suas pernas e cascos, pequenos, em comparação com o seu peso total. O apoio de uma perna quebrada normalmente força as pernas saudáveis a suportarem mais peso do que deveriam e isso, somado a outros fatores, pode aumentar as chances de desenvolvimento de problemas incapacitantes, como laminite e abscessos.
- Os cavalos são animais que gostam de se movimentar e há um grande risco de se machucarem novamente em algum momento durante o processo de cicatrização.
- As fraturas expostas normalmente se complicam por conta de infecções, que podem ser mais graves, dependendo do local onde ocorrem. Como os cavalos não têm músculos abaixo das articulações do jarrete (semelhante ao tornozelo humano), não há muitos vasos sanguíneos para conduzir anticorpos ao local da infecção, dificultando assim o tratamento. Este fato também dificulta a administração de antibióticos. Dar ao animal quantidade suficiente de antibiótico para ser eficaz, pode matar os micro-organismos intestinais naturais do cavalo e influenciar a ação de importantes analgésicos.
- O controle da dor é uma questão difícil quando se trata de cavalos. Ela certamente precisa ser tratada, mas corre-se o risco de medicar o cavalo em excesso. Se o animal não sentir dor alguma, há uma grande chance de lesionar novamente a perna. A gravidade da dor das complicações pós-operatórias comuns, como a laminite, é à base da decisão para a eutanásia.
- O longo e complicado processo de tratamento do cavalo pode ser caro e não ter garantia de que funcionará. Além do custo elevado, a reabilitação pode ser comprometida pela falta de instalações disponíveis que possam tratar cavalos com lesões graves e pela falta geral de conhecimento.
Fonte: Ciência
Adaptação: Revista Veterinária
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