O exame clínico correto é de fundamental importância para se detectar e localizar, com precisão, as lesões no sistema nervoso (SN) de um animal que apresente os sinais clínicos, indicativos desses distúrbios.
O diagnóstico presuntivo e tratamento só serão possíveis, mediante os cuidados ao se diagnosticar, com exatidão, a real situação do problema. Isso vai permitir, também, recomendar o sacrifício de animais sem possibilidades de tratamento.
É alto o índice de mortalidade nessas enfermidades. Por isso, o clínico e o patologista precisam estar em contato direto, e contínuo, para o estudo das enfermidades do SN. Isto significa que o clínico deve incorporar a sua rotina a realização sistemática de necropsias e o envio dos materiais mais adequados para o diagnóstico no laboratório. Essa deve ser uma prática frequente.
A especialização do médico veterinário, nessa área deve ganhar especial atenção, por se tratar de um assunto de grande relevância e complexidade.
Quando se suspeita de uma enfermidade infecciosa, o encéfalo deve ser cortado longitudinalmente. Uma metade deve ser fixada em formol a 10% (ou até 20-30% para fixação mais rápida e eficiente) em um volume aproximado de uma parte de tecido em 10 partes de formol. A outra metade deve ser enviada refrigerada para exame microbiológico.
Nos casos de ruminantes, apesar das dificuldades, a campo, de retirar a medula nos grandes animais, isto é necessário quando o animal apresenta sinais clínicos que sugerem uma lesão medular ou uma lesão difusa do SN. É necessário um profissional habilitado, experiente, e que bem conheça os dados epidemiológicos e a história clínica do caso, com a maior segurança e precisão possíveis.
É de igual importância que se conheça a evolução clínica do animal: cistos; tumores e abscessos podem ter evolução lenta; enfermidades infecciosas que causam inflamação difusa do SN, e distinguir os traumatismos, que têm evolução rápida.
Conhecer as diferentes enfermidades que afetam o sistema nervoso dos ruminantes, na região onde o clínico trabalha é, também, de vital importância.
Uma alteração motora manifesta-se clinicamente por paralisia, que pode ser total ou parcial (paresia). A paresia, dependendo da localização da lesão, aparece como uma debilidade dos músculos dos membros, cabeça e/ou pescoço.
Os sinais de dor são detectados através da expressão facial do animal, em casos de paralisia. Essa é uma observação muito importante.
Distúrbios na regulação da temperatura indicam lesões no hipotálamo (hipertermia e hipotermia).
Atitudes e estado mental podem ser afetados por lesões localizadas no cérebro e tálamo. Podem causar agressividade, depressão, sonolência, mania, galope desenfreado, andar compulsivo, pressão da cabeça contra objetos, torneio, bocejos, mugidos, convulsões (contrações musculares involuntárias com perda do conhecimento) e coma.
Este sinal, que ocorre, também, nas afecções cerebelares, deve-se ao aumento do tamanho do cérebro que empurra o cerebelo através do foramen magno causando a sua herniação.
A cegueira, se for de origem central, é causada por uma lesão na região occipital do córtex cerebral. Na cegueira de origem central há ausência de lesões nos olhos e presença de reflexo pupilar. Cegueira sem resposta ao estímulo da luz, na pupila, é causada por lesões da retina, nervo óptico, quiasma óptico ou trato óptico rostral. Ausência do reflexo pupilar, sem cegueira, indica lesão do nervo oculomotor.
Todos os sinais clínicos, em animais de grande porte, são de importância fundamental e merecem especial atenção do veterinário especialista, para um acompanhamento adequado e tratamento eficaz, nas enfermidades que afetam o Sistema Nervoso desses animais.
Fonte: Scielo
Adaptação: Revista Veterinária
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