Transferência de Embriões em Equinos é uma técnica que consiste na estimulação hormonal dos ovários de uma fêmea de alto valor genético (doadora), seguida da inseminação artificial, para a obtenção de vários embriões, que serão coletados e transferidos para fêmeas receptoras (barrigas de aluguel).
O uso de TE em Equinos tem aumentado rapidamente nas ultimas duas décadas. Contudo, algumas características biológicas peculiares assim como problemas técnicos têm limitado seu uso na espécie equina quando comparado com a bovina.
Éguas idosas, com histórico reprodutivo ruins, que não conseguem produzir um potro por monta natural ou inseminação artificial, ou estão em competição, ou são éguas de alto valor comercial, embora, nesses casos, as taxas de perda embrionária sejam maiores e a fertilidade esteja em decréscimo, devido à idade das éguas são as maiores candidatas para o programa de transferência de embriões.
De acordo com Ley (2006), a transferência de embriões é a técnica de reprodução assistida mais utilizada em éguas. As razões para aplicação comercial compreendem: obter potros de éguas reprodutivamente fora de serviço; obter vários potros de uma única égua doadora a cada ano; obter potros de éguas doadoras durante seus anos de atividade atlética; obter potros de éguas jovens de primeira cobrição (potrancas) e obter potros de éguas com algum problema de saúde – laminite crônica, pelve fraturada.
TE em equinos pode se limitar por duas peculiaridades fisiológicas: égua super-ovulada e a variação na duração do ciclo estral das éguas.
A coleta do embrião é semelhante à técnica de lavagem uterina. Ley (2006) relata a técnica da seguinte forma: a égua é contida em um tronco, e tem a região perineal lavada com detergente neutro, enxaguada com água limpa e seca. O técnico utilizando luva plástica estéril, com lubrificante, introduz um cateter de silicone estéril de 80 cm x 8 mm de diâmetro com um balão na extremidade. Após entrar na vagina o cateter é passado pela cérvix até chegar ao corpo do útero e o balão é inflado com aproximadamente 80 mL de soro fisiológico estéril. O balonete é então posicionado na parte posterior da cérvix, para evitar a perda de líquido. Uma vez que este balão esteja posicionado corretamente, o útero é enxaguado de 3 a 4 vezes com soro fisiológico tampão fosfato modificado de Dulbeco (DBPS) aquecido (37,5°C) contendo soro fetal ou de recém-nascido bovino a 1%, penicilina (100 unidades/mL) e estreptomicina (100 μg/mL). O útero é preenchido com 1 a 2 litros de DBPS durante cada lavagem. Depois de preenchido o líquido volta pelo cateter e passa por um filtro de embrião de 0,75 a 0,80 μ. O filtro não pode transbordar ou ressecar para evitar a perda de embriões. O líquido passa pelo filtro e é coletado para monitorar sua recuperação. Antes do final, o útero e massageado através do reto para auxiliar a suspensão de embriões no meio e aumentar a recuperação do liquido. A maioria do líquido infundido (> 90%) deve ser recuperada e estar livre de debris celulares ou sangue. Líquido turvo indica que a égua apresenta endometrite ativa e requer um diagnostico adicional.
A contaminação sanguínea do líquido esta associada a uma massagem muito vigorosa do útero e/ou manipulação excessiva do cateter. Após o procedimento de lavagem o corpo do filtro é esvaziado em uma placa estéril com grades e enxaguado com DPBS. O líquido é então examinado para a procura de embriões usando microscópio com aumento de 10 a 20 vezes. Embriões grandes (~8° dia) são frequentemente visualizados a olho nu. Quando um embrião é identificado, ele é “lavado” com DPBS e colocado em uma pequena placa de petri contendo o mesmo meio. O embrião é então examinado com grande aumento (40 a 80 vezes) e graduado em uma escala de 1 (excelente) a 4 (ruim).
A Transferência de Embriões em Equinos é empregada com sucesso como uma importante ferramenta para o melhoramento genético, pois permite a multiplicação do material genético de fêmeas de alto valor, de forma rápida, além de facilitar o transporte e a comercialização de material genético por meio de embriões congelados.
Em relação a sua importância, esta técnica ainda é pouco difundida, e poucos profissionais encontram-se atuando de forma bem sucedida, em relação à demanda potencial do Brasil.
Fonte: Cavalo do Sul de Minas
Adaptação: Revista Veterinária
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