A castração deve acontecer levando-se em consideração o sistema de produção, a raça, o tipo de alimentação disponibilizado, a idade de abate e o destino da produção. Dessa forma, a idade de castração em uma pecuária onde os animais são abatidos com quatro ou cinco anos, não deve ser a mesma que a adotada quando os animais são abatidos com até 24 meses.
A castração dos bovinos é uma prática utilizada desde antes da era cristã e é, tradicionalmente, usada no Brasil em vista de o sistema de produção ser baseado em pastagens extensivas, o que eleva a idade do abate. O propósito não é só o de manejo, mas a melhoria na qualidade da carcaça. Entretanto, grandes mudanças que aconteceram no sistema de produção têm motivado o questionamento sobre a necessidade de castração.
A castração depende do tipo de exploração pecuária e do interesse particular de cada criador ou associação de raças. A prática tem como atrativo principal a facilidade de lidar com o rebanho, uma vez que os animais castrados tornam-se mais dóceis, o que permite a mistura de bois e vacas. Além dessa vantagem, as carcaças dos animais castrados são de melhor qualidade e de maior aceitação no mercado se comparada às dos animais inteiros. Por outro lado, sistemas de produção de animais inteiros apresentam-se atrativos devido ao melhor desempenho em relação aos castrados.
Os bovinos inteiros, por apresentarem maior velocidade de ganho de peso e serem mais eficientes na transformação dos alimentos oferecidos em peso vivo, produzem cerca de 15 a 20% a mais de peso do que os castrados. Tecnicamente, a viabilidade econômica de não se castrar é inquestionável, resultando em carcaças com pesos de 30 a 60 quilos a mais, em relação aos castrados.
No entanto, a indústria frigorífica reclama dos inteiros e algumas empresas culpam-nos de uma menor deposição de gordura. Entretanto, há pesquisas que indicam que é possível abater animais inteiros com carcaças de qualidade, destacando o fato de que a menor deposição de gordura na carcaça é altamente dependente da nutrição, da raça do bovino e da idade de abate.
Gelson Luís Dias Feijó, especialista da Embrapa Gado de Corte, aponta em suas pesquisas que os mesmos padrões de qualidade de carne e carcaça de animais castrados podem ser obtidos com o abate precoce de animais inteiros. Se o abate for feito a uma idade inferior a 24 meses (animais com dente de leite), a preferência é por mantê-los inteiros, pois até esse período não há diferença significativa quanto à qualidade de carne entre animais castrados e não castrados. No entanto, a idade de abate dos bovinos inteiros não deve exceder os dois anos.
Quanto à idade ideal para a castração, a melhor época apontada é a que apresenta uma relação custo/benefício favorável. Resultados de pesquisas mostram que a realização da castração até a fase de puberdade não apresenta diferença quanto ao desempenho do animal. Além disso, verificaram-se também, que castrações realizadas após a puberdade apresentam ganhos relativamente pequenos devido às dificuldades de manejo e aos riscos gerados. A castração de machos normalmente ocorre na seca, em decorrência da menor proliferação de moscas e outros insetos ou parasitas, a fim se diminuir a possibilidade de infestações por miíases e infecções secundárias.
Quanto aos métodos utilizados para castrar machos bovinos os mais praticados são: 1) Torquês ou burdizzo, o qual ocorre com o uso do objeto homônimo, de modo a esmagar as veias, artérias, canais e ligamentos dos órgãos reprodutores. Nesse método, os testículos do animal desaparecem completamente depois de, aproximadamente, 40 dias e tem como vantagem não ser muito doloroso e não exigir cortes, evitando-se, assim, o perigo de infecções. 2) A ablação dos testículos (ou “castração a canivete”), que consiste em se fazer um corte na bolsa escrotal e retirar os testículos do animal. Nessa retirada, deve-se proceder ao controle hemorrágico mediante utilização de suturas, ou na impossibilidade destas, realizar a cauterização.
Após a castração é preciso realizar uma correta higienização do local com aplicação de produtos antimicrobianos, cicatrizantes e repelentes. Pode-se, inclusive, utilizar anestésicos ou sedativos para que o animal fique imóvel e não sinta a cirurgia. A castração deve ser feita por uma pessoa treinada. O processo é simples, mas precisa de segurança. Normalmente os tratadores conhecem a técnica e fazem com muita naturalidade. No geral, a opção de castrar ou não vai depender de uma análise criteriosa do produtor. O importante é que castrado ou não, os animais produzam carcaças de qualidade e com grau de acabamento nos padrões exigidos pelo mercado.
Fonte: Agromundo
Adaptação: Revista Veterinária