Ceratoconjuntivite Infecciosa em Ovinos

A ceratoconjuntivite infecciosa, também conhecida por “Pynkeye” ou “doença do olho rosado” pode ser definida como a inflamação da córnea e conjuntiva, ambas estruturas internas que compõe os olhos. A principal característica dessa doença representa o caráter infeccioso dos surtos (causados por bactérias que podem ser transmitidas de animais enfermos para sadios), que podem acometer ovinos, caprinos e bovinos.

Ovinos e caprinos de qualquer idade são susceptíveis a doença, embora borregos e cabritos, além dos animais idosos, representam as categorias de animais mais severamente acometidos.

Esta enfermidade contagiosa é causada pela Moraxellaspp, um diplococo, aeróbico, gram-negativo, e somente aqueles microorganismos hemolíticos que possuem pili são capazes de desenvolver a enfermidade, pois aderem à córnea produzindo necrose epitelial e no estroma, por meio de dermonecrolisinas e hemolisinas associadas com as colagenases inflamatórias.

Como sinais clínicos desta enfermidade, podemos citar: hiperemia conjuntival, lacrimejamento, blefaroespasmo, fotofobia e, em casos avançados, opacidade e ulceração de córnea, com risco de perda da visão. A ceratoconjuntivite infecciosa (CCI) é reconhecida em todo mundo como uma doença comum que afeta o sistema oftálmico de pequenos ruminantes, a exemplo de ovinos e caprinos.

Outras alterações observadas na maioria dos ovinos afetados incluem conjuntivite folicular, opacidade da córnea com vascularização, ulceração, pannus e irite, além de febre, anorexia, oftalmalgia, oftalmorréia, epífora e úlceras de córnea também descritas.

A doença pode ser transmitida pelo contato direto entre animais doentes e sadios, por moscas e outros insetos que funcionam como vetores da doença (entram em contato com secreções oculares e transmitem as bactérias de um animal ao outro) e pela mão contaminada de técnicos tratadores.

A ceratoconjuntivite pode se manifestar em qualquer época do ano, embora uma maior frequência de casos ocorra nos meses de verão, em associação ao aumento na população de moscas.

Fatores que predispõem ao aparecimento dos surtos correspondem a introdução de novos animais na propriedade (sem a realização de um período de adaptação ou quarentena), excessiva lotação animal por área de manejo, problemas de ventilação e/ou instalações pouco arejadas, currais sujos e com grande acúmulo de poeira que pode exercer um efeito irritante sobre os olhos, além de problemas de higiene que favoreçam a multiplicação de moscas que carreiam as bactérias.

O tratamento dos casos clínicos deve começar imediatamente após ter sido diagnosticada a doença como forma de impedir que sua evolução leve a lesões irreparáveis da córnea. Vários antibióticos podem ser usados, devendo sempre estar atento para caso de resistência. A prevenção e controle desta doença têm sido realizados através de práticas de manejo quando se quer diminuir o máximo possível a ação dos vetores (mosca) e quantidade de poeira.

A redução dos casos clínicos de CCI em um rebanho está associada às medidas preventivas fundamentadas em práticas que visem controlar os elementos que podem funcionar como fômites ou agentes disseminadores e/ou estressantes, e envolvem a limpeza diária das instalações (por varredura e/ou raspagem); desinfecção completa das mesmas a cada 7 dias após limpeza prévia (preferencialmente com lança-chamas ou “vassoura-de-fogo”); isolamento dos animais apresentando quadro clínico; controle da população de moscas e insetos (principalmente, por meio de limpeza e manejo adequado dos dejetos animais); redução da exposição a irritantes mecânicos (poeira); manejo do pastejo para manter o relvado em alturas mais adequadas; manejo do rebanho baseado nos princípios de bem-estar e a quarentena de animais récem-adquiridos por no mínimo 15 dias.

Não existem vacinas específicas para ovinos e caprinos disponíveis comercialmente. Cabe ressaltar que as diferentes formulações disponíveis para bovinos não conferem proteção para ovinos e caprinos, visto que o microorganismo responsável pela ceratoconjuntivite infecciosa em bovinos (Moraxellabovis) é diferente da espécie que acomete os pequenos ruminantes.

Por: Paula Paniago Passarinho

 

 

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Atualizado em: 28 de maio de 2012