A pitiose, popularmente conhecida como “ferida brava” ou “ferida da moda” é provocada por um fungo que se desenvolve em plantas aquáticas, e que, de forma oportunista, infecta, principalmente, os equinos. Encontra condições muito favoráveis para seu crescimento nos ambientes quentes e úmidos, característicos do Pantanal.
Os estudos mostram que a ocorrência de casos, nessa região, concentra-se no período das cheias. A atenção na inspeção dos equinos é fundamental para o sucesso do tratamento e recuperação dos animais.
O diagnóstico laboratorial, muitas vezes, é impraticável, diante do isolamento e das longas distâncias em que se encontram os animais, mas é o mais recomendável, quando possível, pois auxilia a escolha do tratamento, tendo em vista o fato da pitiose ter um aspecto semelhante ao de outras enfermidades, tais como a habronemose, ferimentos contaminados por bactérias e até mesmo alguns tipos de “câncer”.
Uma boa estratégia é inspecionar a tropa, frequentemente, para tentar detectar as feridas na fase inicial. Na impossibilidade da confirmação do diagnóstico, proceder a alguns tratamentos, observando sempre a evolução do quadro.
Algumas dicas:
1 – Mantenha a ferida limpa, lavando com água e sabão neutro, além de realizar a aplicação de inseticidas ou repelentes ao redor da mesma;
2 – Administre ao animal uma pasta oral à base de ivermectina e repita a dose após 15 dias;
3 – Se não houver qualquer sinal de retração da ferida, nos primeiros 15 dias de tratamento, inicie o tratamento com o imunoterápico para pitiose (Pitium-vac)
Em geral, nos casos tratados na fase inicial, com feridas pequenas, a recuperação ocorre com 4 ou 5 doses, mas os casos antigos, com ferimentos extensos, necessitam de muitas doses e persistência. A realização de retirada cirúrgica associada à imunoterapia deve ser considerada, mas necessita da avaliação criteriosa de um médico veterinário.
O que precisa ser evitado:
1 – Uso de substâncias irritantes e corrosivas no local da ferida (iodo, formol, gasolina, querosene, soda cáustica, cimento, caldo de pilha, etc…).
2 – Aplicação excessiva de anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais, tais como dexametazona, diclofenaco sódico, fenilbutazona, flunixim meglumine, entre outros, porque podem comprometer a saúde e a imunidade do animal
3 – Cauterização empírica com ferro quente ou procedimentos invasivos. A ocorrência subsequente de tétano é muito comum nesses casos.
Raquel Soares Juliano, (raquel@cpap.embrapa.br), veterinária, Dra. em ciência animal e pesquisadora da Embrapa Pantanal.
Fonte: Embrapa Pantanal
Adaptação: Revista Veterinária
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