A escolha de uma espécie forrageira para pastejo, no início da criação, é muito importante, pois a forragem deve estar de acordo com as condições dafoclimáticas, manejo, e, consequentemente, o sistema de produção que será utilizado, uma vez que para o pastejo é fundamental o conhecimento do comportamento e hábitos de crescimento da forrageira, bem como as exigências nutricionais das classes animais que se alimentarão desta forragem.
Para equídeos, algumas características inerentes à espécie, como o comportamento de corrida, brincadeira (principalmente de potros), área de defecação, pastejo localizado e o próprio pisoteio, em algumas áreas do piquete (por exemplo, perto de cercas), limitam a escolha de alguns capins.
Para tanto, alguns capins como os do gênero Cynodon são os mais indicados pois apresentam boa cobertura do solo, boa aceitabilidade e bom rebrote . Alguns aspectos como custo de implantação, também devem ser levados em conta, pois espécies deste gênero se multiplicam por muda, dentre eles o Tifton ( 1 ) , Coastcross ( 2 ) e o Capim Estrela. Estes capins, quando comparados aos que se multiplicam por semente (Mombaça, Gramão (batatais) ou até mesmo a Brachiaria Humidicola (semente e muda) são por volta de 30 a 50 % mais caros, na sua implantação. Para tanto, cabe ao produtor avaliar o custo- benefício destes capins.
Vale ressaltar que o uso da Brachiaria humidicola para pastejo é possível, mas o uso intensivo desta pastagem para equinos pode levar a um problema chamado de cara-inchada, que nada mais é do que o inchaço na face, provocado pelo preenchimento dos ossos, por um tecido conjuntivo fibroso em função da anterior retirada do cálcio destes ossos e abertura de lacunas entre eles. O consumo deste capim aumenta o consumo de Oxalato, composto encontrado na Brachiaria humidicola que “sequestra” ou rouba o cálcio ingerido pelo animal em sua dieta, e o obriga a retirar o cálcio dos ossos. No entanto, o animal não apresenta grandes limitações, em virtude disso, para o trabalho mas acaba comprometendo sua estética, prejudicando a futura comercialização.
Outro fator importante, segundo Victor, é que a pastagem atua na manutenção do equilíbrio psíquico do cavalo, serve para o relaxamento muscular e para a síntese de vitamina D. Para estes animais, as pastagens devem ter topografia mais plana, com vegetação que cubra o terreno, e seja o mais resistente possível, ao pisoteio. Comenta, ainda, que muitos criadores preferem ver os potros soltos a campo para seu desenvolvimento muscular e ósseo, ter menos ou nenhuma cólica e problemas respiratórios.
Em resumo, a pastagem para equinos deve ter boa cobertura de solo e permita rápido rebrote. Devem ser evitadas espécies que formem touceiras, em virtude do ato de brincar que é natural dos equídeos. Para tanto, espécies do gênero Panicum (hábito de formar touceiras) por exemplo podem ser usadas para animais já formados, em suma, não há grandes restrições nutricionais. As Brachiarias devem ser evitadas, em virtude da baixa aceitabilidade, com exceção da B. Humidicola.
Assim, restam, por opção, as forrageiras do Gênero Cynodon (Tifton, Coastcross, Estrelas, etc…), grama Batatais (Gramão) e alguns Panicum para animais de temperamento mais tranquilo. É importante salientar que os equídeos não são bovinos, bubalinos, muito menos ovinos e caprinos, e, como todas as espécies, merecem ser tratados de forma especifica, e não apenas jogados dentro de pastagens com outros animais, de forma aleatória.
Autores: Erika Targima Marcelo e Marco Aurélio Factori
Fonte: Site Milkpointe
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