A perda gestacional em éguas é um problema bem frequente na equideocultura e estão relacionadas à saúde do trato reprodutivo materno. É caracterizada por ser um dos principais fatores relacionados à redução da fertilidade em éguas. Gerando vários prejuízos para médicos veterinários e produtores.
As perdas gestacionais estão ligadas a diversos fatores desde embrionários e maternais até aspectos do manejo nutricional e sanitário, além das condições ambientais e de estresse.
Por isso, é fundamental que o profissional tenha conhecimento das causas de perda gestacional em éguas, para que se possa prevenir novas incidências e reduzir os prejuízos. Nesse artigo descrevemos sobre 6 das principais causas do problema. Confira!
1- Endometrite
A endometrite é uma enfermidade, considerada como uma das principais causas de subfertilidade e infertilidade equina. Ela é definida por uma inflamação uterina, e a forma mais comum é pós-cobertura, em resposta negativa do corpo da fêmea ao sêmen. A doença é causada por uma resposta a materiais exógenos como sêmen, bactérias e outros debris celulares no interior do útero.
A égua precisa eliminar o fluido inflamatório em até 96 horas. De modo que, após a fertilização, o embrião possa encontrar um ambiente propício ao chegar ao lúmen uterino, para se fixar e se desenvolver. Caso isso não aconteça, haverá altas concentrações de prostaglandina, resultando em luteólise precoce, diminuição de progesterona e consequente perda gestacional.
2- Fibrose periglandular e cistos uterinos
A Fibrose periglandular e os cistos uterinos também são apontados como causas de grande importância na perda gestacional em éguas. Ocorrendo principalmente éguas idosas. Assim, as células estromais secretam componentes de matriz extracelular e fibronectina, contribuindo no acúmulo desse material. Geralmente, a fibrose é resultado da falha de fixação do concepto.
Já os cistos uterinos são classificados em cistos endometriais e linfáticos. Essa modificação torna-se prejudicial à gestação quando ocorre um aumento no seu tamanho e quantidade. Dessa forma, interfere na movimentação do embrião e na fixação da vesícula, algumas vezes podendo afetar a placentação.
3- Cobertura no cio do potro
Após o parto, as éguas apresentam uma rápida involução uterina, isso faz com que aconteça um retorno à condição pré parto. Assim, permitindo as manifestações rápidas de cios férteis.
O cio do potro é considerado o primeiro cio após a parição, ocorrendo aproximadamente em 7 dias pós-parto.
4- Herpesvírus equino tipo I
O herpesvírus equino tipo 1 (HEV-1) é definido como a principal razão do aborto em éguas, de natureza infecciosa. De modo geral, os animais que possuem o vírus no organismo, manifestam perda gestacional em éguas no terço final da gestação.
Normalmente, a perda acontece de forma rápida, sem sinais alarmantes e no exame clínico não são vistas modificações. Contudo, a transmissão viral acontece pela via respiratória, fetos abortados e fluidos fetais descartados em locais inadequados.
5- Leptospirose
A leptospirose é um tipo de zoonose de origem bacteriana que surge pelo contato da pele e mucosas com urina, fluidos placentários, alimentos contaminados. Portanto, podendo também ser disseminada pelo sêmen e por via transplacentária. Vale lembrar que o principal vetor dessa doença são os roedores.
A infecção em geral é subclínica e os abortos acontecem no terço final da gestação, sendo transmitidas através da placenta. Então, quando não há a perda gestacional, possivelmente os fetos nasceram fracos e prematuros. Podendo também ser fonte de contaminação para o homem e outros animais.
6- Placentite
A placentite é uma inflamação de origem infecciosa e é considerado um dos principais problemas que comprometem a gestação. Desse modo, a contaminação é causada pelo fechamento insuficiente da vulva e vestíbulo relacionados a deficiência de conformação perineal.
Essa enfermidade além de elevar as chances de abortos, também aumenta as chances de partos prematuros com nascimento de potros inviáveis e letárgicos.
Outros fatores
Já os fatores ambientais englobam estresse do animal, nutrição e efeito do sêmen. Apesar das perdas de prenhez tardias serem menos incidentes, é importante que o médico veterinário saiba que ela geralmente está ligada a desordens infecciosas. Herpesvírus equino tipo I e leptospirose são as causas infecto contagiosas mais comuns, logo, é imprescindível que haja um controle sanitário adequado e vacinação do plantel.
Importância em acompanhar a gestação das éguas
Assim que o médico veterinário responsável pelo cuidado dos animais notar uma perda gestacional em éguas, ele deve imediatamente avaliar as causas para prevenir novas ocorrências. Outro problema é que a perda de prenhez é um dos principais fatores relacionados à subfertilidade na espécie equina, acarretando inúmeros prejuízos a pequenos e grandes produtores. Além dos problemas econômicos, a perda de um animal também é desagradável no âmbito pessoal.
A melhor maneira para evitar que a perda gestacional em éguas aconteça é a prevenção. Nesse sentido, a ultrassonografia veterinária é de suma importância para acompanhar e investigar gestações. Além de observar o desenvolvimento fetal, verificar a saúde dos órgãos reprodutivos e identificar possíveis problemas, o exame é indolor e não invasivo.
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Fonte: Escola do Cavalo, Pubvet, Shop Veterinário.