Uma característica das forrageiras de clima tropical é o contraste que apresentam entre valor nutritivo, influenciado pelo ambiente ou por peculiaridades da própria planta, e a produção por unidade de área.
Considerando que grande parte das forrageiras concentra sua produção anual no período chuvoso e que seu crescimento acumulado leva à redução de seu valor nutritivo, uma alternativa é manter esta forragem conservada na forma de silagem, para alimentação do rebanho no período seco do ano.
Durante o armazenamento da forrageira no silo, poderão ocorrer fermentações indesejáveis, comprometendo a qualidade da silagem, assim como podem ocorrer elevadas perdas de nutrientes da planta ensilada. Muitos produtos têm sido comercializados e utilizados como aditivos na ensilagem de milho, de sorgo ou mesmo dos capins, com diferentes propósitos.
Os aditivos são produtos comerciais ou não, que, aplicados à forrageira no momento da ensilagem, podem reduzir perdas de nutrientes, estimular ou inibir fermentações, ou ainda interagir no valor nutritivo da planta originalmente ensilada.
A recomendação de se utilizar aditivos deve estar associada com a espécie forrageira a ser ensilada e com o sistema de alimentação dos animais na propriedade. Antes de decidir pela utilização de um aditivo, deve-se questionar se:
* o seu custo é menor que o valor da silagem inaproveitada sem a sua aplicação;
* proporciona fermentação mais eficiente;
* permite silagem de maior valor energético e/ou protéico; e
* é de fácil aplicação e não deixa resíduos tóxicos.
Alguns aditivo utilizados:
*Uréia: adubo ou uréia alimento promove o enriquecimento do nitrogênio na silagem e favorece a fermentação da planta do milho ou sorgo ensilado. Recomendam-se 5 kg por tonelada de material ensilado, com distribuição uniforme para evitar intoxicação. Não é recomendado o uso de uréia na ensilagem de capim-elefante, a não ser que antes seja reduzido o teor de umidade da planta para 50 a 55%.
* Melaço: pode contribuir para o aumento de açúcares solúveis na fermentação no silo e pode melhorar a aceitação da silagem de capim. Contudo, os resultados de pesquisa são contraditórios, e devido à dificuldade de manuseio, disponibilidade regional e custo, não tem sido recomendado o seu uso.
*Calcário: favorece a produção de ácido lático e melhora a palatabilidade.
Quando utilizado, sugere-se adicionar 5 a 10 kg por tonelada de silagem.
*Raspa de mandioca: por ter elevada concentração de amido e este ser de baixa fermentação no silo, seu uso tem pouca aplicação na ensilagem de forrageiras tropicais como o capim-elefante.
*Concentrados: fubá de milho, farelo de soja, milho desintegrado com palha e sabugo, entre outros, não devem ser utilizados, uma vez que nenhum resultado de pesquisa até o momento apresentou uma relação custo:benefício favorável que recomende seu uso. A preferência ainda é utilizá-los na suplementação das silagens durante a alimentação.
*Cana-de-açúcar: pouco recomendada, mesmo na ensilagem de capim, pois contribui pouco no aumento da matéria seca e ainda reduz o conteúdo de proteína bruta da massa ensilada.
*Sal comum: por ser inibidor da fermentação, deve-se ter cautela ao recomendá-lo na ensilagem de capim- elefante que normalmente necessita de estimulantes de fermentação.
Deve-se ressaltar que, para se obter uma silagem de boa qualidade e nutritiva, seja de milho,sorgo ou capins, é mais importante o manejo que se aplicará à planta a ser ensilada, como época de corte, tamanho de partículas, compactação do silo, do que propriamente a escolha de aditivos que possam melhorar a silagem.
Em outras palavras, nenhum aditivo oferece bom resultado quando o manejo da planta para ensilar é inadequado.
Adaptado do Autor Duarte Vilela – Embrapa Gado de Leite
Fonte: Embrapa Gado de Leite
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