Com o desenvolvimento dos procedimentos cirúrgicos na medicina veterinária, a anestesia em cirurgia oftalmológica de pequenos animais ganhou mais possibilidades. Além de oferecer mais segurança ao paciente, a aplicação da anestesia auxilia o cirurgião na condução do processo cirúrgico.
Para que tudo ocorra da maneira esperada, o médico veterinário deve estar atualizado quanto às diversas técnicas anestésicas. Além disso, é importante conhecer também as diferenças entre as aplicações das anestesias nas cirurgias intra e extra-oculares. Aprofunde seus conhecimentos conhecendo as formas de aplicação e quais os bloqueios anestésicos mais indicados para cães e gatos ao longo deste artigo.
Principais bloqueios anestésicos
Primeiramente é importante compreender que independentemente do objetivo da cirurgia ocular, o paciente deve estar completamente imobilizado, exceto em casos em que o trauma cirúrgico seja menor, como, por exemplo, a remoção de corpos estranhos na córnea. Em situações como esta, a instilação de anestésico local é suficiente.
Entre os principais bloqueios anestésicos utilizados para cirurgia ocular estão:
- Retrobulbar;
- Peribulbar;
- Bloqueios palpebrais;
- Anestesia da superfície ocular.
A primeira técnica é indicada para procedimentos de enucleação, evisceração, cirurgias de catarata, reconstruções utilizando flaps nas úlceras de córnea, tratamento cirurgico de glaucoma, remoção de neoplasias e sutura de lesão penetrante do globo ocular. Para execução de forma segura, indica-se a utilização da técnica guiada por ultrassonografia.
O bloqueio peribulbar, também conhecido como injeção extracional, é realizado administrando-se um volume de anestésico local fora do cone muscular retrobulbar, constituindo uma técnica mais segura do que o bloqueio retrobulbar. Por isso, também pode ser indicada para cirurgias intra oculares, como a catarata e para evisceração e enucleação.
Já na técnica palpebral, a vantagem é o uso de pequeno volume de anestésico, provocando poucas alterações por compressão da órbita. Por outro lado, pode ocorrer quemose, que pode ser tratada com compressão local. Este tipo de bloqueio pode ser usado para ressecção em cunha, cantoplastia, procedimentos de reconstrução da pálpebra, entre outros.
Por fim, a anestesia da superfície ocular é aplicada através de colírios anestésicos, empregados também no auxílio a anestesia da córnea, em combinação com anestesia geral e outras técnicas anestésicas para cirurgias da superfície ocular. Alguns deles são a base de proparacaína a 0,5% e de tetracaína a 1%.
Uma gota de proparacaína a 0,5% produz anestesia corneana em um minuto após a aplicação, com boa analgesia por até 15 minutos em cães e cinco minutos em gatos. Já a tetracaína possui um efeito um pouco mais duradouro, porém, apresenta maior toxicidade.
Entretanto, é preciso um cuidado no controle da dor pós-operatória, não podendo ser aplicados repetidamente, uma vez que retardam a cicatrização corneal, além do risco de toxicidade local.
Saiba como oferecer precisão na anestesia em cirurgia oftalmológica
O uso de bloqueios oftálmicos vem sendo cada vez mais utilizado em clínicas especializadas. Quando realizados de maneira adequada, eles representam um complemento fundamental à anestesia geral. Entre as vantagens estão a diminuição dos efeitos sistêmicos de fármacos, a diminuição da necessidade de anestésicos inalatórios e/ou intravenosos, além de proporcionarem analgesia pós-operatória.
Entretanto, para que o médico veterinário ofereça conforto e segurança nesta parte inicial do procedimento cirúrgico, ele deve conhecer as técnicas e indicações em profundidade. Somente com estudo e aprimoramento dos conhecimentos é possível proporcionar um atendimento de qualidade aos pacientes. Para isso, conheça o curso de anestesia locorregional em pequenos animais e domine de vez um mercado em constante crescimento.
Fontes: Research, Society and Development e Revista USP