Com a função de potencializar o melhoramento genético, as biotecnologias reprodutivas vêm ganhando notoriedade entre pequenos, médios e grandes ovinocultores. A inseminação artificial transcervical é a mais utilizada, principalmente, pelo baixo custo operacional. “Qualquer pessoa pode aplicar a técnica, desde que receba treinamento”, explica Edson Siqueira Filho, gerente de caprinos e ovinos da Alta Genetics, sediada em Uberaba (MG).
Outra tecnologia em ascensão é a inseminação por laparoscopia, utilizada principalmente em rebanhos de elite. Nesse procedimento, a taxa de prenhez é um pouco mais elevada, varia entre 60 e 70%, mas seu custo é considerado oneroso, pela necessidade de um médico-veterinário especializado e equipamentos cirúrgicos. Nesse procedimento, o sêmen é depositado diretamente no útero das ovelhas por uma pequena incisão no abdômen. Siqueira explica que o método pode custar até dez vezes mais do que a inseminação transcervical, que apresenta índices médios de fertilidade entre 45 e 60%.
Independentemente da escolha, e também do mercado a ser atingido, a inseminação aparece como uma importante aliada do produtor, principalmente em um momento de transformações na ovinocultura. Dentre todas as vantagens, destaca-se a aceleração dos ganhos produtivos, redução no ciclo de produção e economia no manejo de rebanhos mais uniformes.
Segundo o Eng. Agrônomo Carlos Vilhena, Gerente da Dorper Campo Verde, de Jarinu (SP), o mercado ainda é deficiente de mão de obra qualificada. Mesmo assim, os processos de biotecnologia conquistam cada vez mais adeptos, principalmente, pela praticidade. “A ovinocultura só tem a ganhar com essas tecnologias, por garantirem maior ganho de peso às futuras gerações, reduzindo o tempo de abate e aumentando a precocidade de acabamento, com maior rendimento de carcaça. Vale lembrar que esses resultados somente são obtidos com o uso de sêmen de animais melhoradores, com produtividade comprovada por DEPs (Diferença Esperada na Progênie), com boa conformação e exame andrológico positivo”, complementa Vilhena.
Referência nacional na seleção de ovinos das raças Dorper e White Dorper de linhagem 100% sul-africana, a Campo Verde focaliza suas atividades na comercialização de reprodutores e matrizes comerciais, e de elite, dos quais os que carregam maior carga genética são utilizados no programa de melhoramento genético da empresa e repassados a comercialização de sêmen. Oito carneiros da propriedade, em coleta na Alta genetics, estão entre os que mais vendem sêmen no País. Um deles é DVC 00038, conhecido como Karoo, um animal da raça Dorper, de quatro anos, que bateu a marca de 1.000 doses comercializadas na Feinco” 2011. Outra revelação é o DVC 167, o Koster, também da raça Dorper, que se aproxima dessa marca.
Em uma propriedade que preconiza estação reprodutiva por meio de monta natural, um carneiro consegue gerar até 100 descendentes, se bem aproveitado. Com a inseminação, o volume pode ser multiplicado inúmeras vezes, considerando que, em média, 40 doses de sêmen podem ser produzidas com apenas um único ejaculado do animal. Em geral, uma dose é suficiente para emprenhar uma ovelha e não há o limite físico para repetir a técnica. “O produtor só deve ter o bom senso de que uma fêmea que não emprenhe após algumas tentativas pode apresentar distúrbios, devendo ser tratada ou até mesmo descartada do rebanho”, avalia Siqueira.
Mercado de sêmen – O mercado brasileiro de sêmen de ovinos mostra-se cada vez mais consistente. Segundo a Alta Genetics, a cada ano, mais criadores confiam na inseminação e se satisfazem com os resultados. A empresa estima que a região Nordeste, que detém 60% do rebanho efetivo, absorve 40% do total produzido. O Sudeste, com 4,5% do rebanho, participa com 29%. É também a que mais emprega investimentos em biotecnologias reprodutivas. O Sul, que reúne 25% do rebanho, aparece com 13%, seguido pelo Norte, 11%, e Centro-Oeste, 7%. “Se considerarmos que quase metade do rebanho nacional seja de fêmeas em idade reprodutiva, apenas 0,5% são inseminadas. É um mercado promissor e com grande potencial de crescimento”, afirma
O especialista explica que novas técnicas contribuem com o crescimento da inseminação artificial na ovinocultura, como Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF). As vantagens são as mesmas obtidas na bovinocultura: eliminação de falhas na observação do cio, fertilização de um grande volume de matrizes, redução de tempo de estação de monta, ampliação na oferta de ovinos, filhos de animais zootecnicamente superiores nascimentos pré-determinados; lotes homogêneos, economia na manutenção do rebanho e índices de produção mais elevados.
Manejo do sêmen requer cuidados especiais – A inseminação artificial em ovinos é cercada por uma série de cuidados, como o estado nutricional e sanitário dos animais, habilidade do inseminador, período do ano, qualidade do sêmen, manejo do botijão, métodos de descongelamento, entre outros fatores. “Ao ser submetida ao processo de criopreservação, a célula espermática passa por verdadeiros desafios fisiológicos, que podem comprometer a viabilidade do sêmen. Por isso, o manejo correto desse produto é um fator determinante ao sucesso da técnica”, avalia Siqueira.Na Alta Genetics, o material genético somente é liberado ao mercado após um rígido controle de qualidade. Nas fazendas, a armazenagem é um fator determinante à vida útil do produto.
O botijão deve estar em bom estado de conservação, sem fissuras ou amassados, e devem ser acondicionados em local limpo, seco e sem incidência de sol. O nível de nitrogênio nunca deve ser inferior a 15 cm. Deve-se evitar a manipulação desnecessária de canecas e raques. As canecas do botijão não podem ser levantadas para acima da linha de congelamento (5 cm abaixo da boca) e devem permanecer dentro do botijão até o momento sua utilização. Para facilitar sua localização, é fundamental manter o controle, com um “mapa” da posição das palhetas de cada reprodutor dentro do botijão. Quando retirar a palheta da raque, precisa-se usar uma pinça, já que o calor das mãos pode prejudicar a qualidade do sêmen. No processo de descongelamento, o ideal é utilizar um descongelador de sêmen, que mantém a temperatura da água a 37°C.
Quando retirada do botijão, a palheta deve ser colocada diretamente no aparelho e permanecer imersa por, aproximadamente, 30 segundos. O equipamento de inseminação deve sempre estar em perfeito estado de conservação, bem higienizado e sem resquício de produtos de limpeza.
Fonte: Site Accoba
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