A pecuária brasileira ocupa hoje uma posição de destaque na economia do país. Atualmente, o Brasil é o primeiro exportador de carne in natura, sendo seguido pela Austrália e Estados Unidos (ANUALPEC, 2011). Segundo análises da CNA, o PIB da pecuária cresceu 21% no ano de 2011, em relação a 2010.
No entanto, a pecuária brasileira ainda apresenta uma baixa eficiência reprodutiva, ficando próximo a 65%, ou seja, para cada 100 fêmeas em idade reprodutiva, nascem por ano aproximadamente 65 bezerros (0,65 bezerros/vaca/ano; ANUALPEC, 2011).
Através da Inseminação Artificial (IA) convencional, é possível promover o melhoramento genético e aumentar a produtividade dos rebanhos, uma vez que possibilita usar sêmen de touros melhoradores. Atualmente, muitos países inseminam quase a totalidade de seus rebanhos bovinos. Calcula-se que mais de 106 milhões de fêmeas sejam anualmente inseminadas em todo o mundo (Chupin & Thibier, 1995).
No entanto, no Brasil, apesar de a venda de sêmen ter crescido 50% nos últimos 10 anos, estima-se que tenhamos pouco mais de 9,4 milhões de vacas inseminadas, representando em torno de 13% do total do rebanho (ANUALPEC, 2011). Estes dados nos mostram que ainda existe a necessidade de se investir em biotecnologias que visam eficiência reprodutiva e melhoramento genético a fim de promover o crescimento da pecuária nacional.
Com o advento da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) tornou-se possível obter melhoramento genético associado à eficiência reprodutiva. Mas, o sucesso da técnica depende de um controle preciso do crescimento folicular (Baruselli et al., 2006) e da disponibilidade de mão de obra qualificada para a realização das inseminações (Russi et al., 2009).
De acordo com Russi et al. (2009), a falta de pessoas capacitadas é um dos fatores limitantes para a expansão da IA no Brasil. Além disso, os autores destacaram que um manejo inadequado também pode acarretar resultados indesejados. Dobson e Smith (2000) mostraram que um manejo aversivo, que gera estresse, pode alterar a resposta aos tratamentos recebidos durante os protocolos de IATF e até mesmo resultar em perdas embrionárias.
É sabido que o inseminador apresenta um papel fundamental na eficiência da IA/IATF. Imperfeições na manipulação do sêmen e/ou na execução da técnica são geralmente apontados como fatores que comprometem os resultados de prenhez. Dentre os fatores que interferem no desempenho dos inseminadores, Russi et al. (2009) destacaram os seguintes: estado emocional e personalidade do inseminador.
Foi relatado que o estado emocional do inseminador influenciou a taxa de retorno ao cio após as inseminações. Os indivíduos com menos preocupações e mais tranquilos obtêm os melhores resultados. Além disso, também é preciso considerar a confiança que o inseminador tem no sêmen que está utilizado, o comprometimento que o mesmo possui com a fazenda, o conhecimento e a confiança na técnica de IA/IATF e a possibilidade de participar de treinamentos e reciclagens.
Um estudo desenvolvido por Fernandes Jr. (2001) mostrou que as variáveis habilidade, curso de IA e reciclagens geram diferenças significativas entre os inseminadores, medidas pela taxa de prenhez. Tal estudo reforça a necessidade de revisar todo o processo de IA periodicamente, a fim de aumentar a habilidade e a autoconfiança do inseminador.
Outra consideração importante feita por esse mesmo autor é em relação ao comprometimento afetivo com o trabalho. Inseminadores com maior comprometimento afetivo obtiveram melhores taxas de gestação (85%) que aqueles que apresentaram comprometimento apenas por razões econômicas (68%, P<0,05).
Outro fator que pode afetar os resultados e que deve ser sempre levado em consideração é o cansaço do inseminador. Dados revisados por Russi et al. (2009) mostraram que algumas manifestações indicativas de cansaço ocorrem antes mesmo de o inseminador solicitar sua substituição, podendo resultar em queda no rendimento do profissional. Reforçando a importância de realizar o treinamento do maior número possível de pessoas dentro das propriedades que realizam IA/IATF.
Adicionalmente, foi observado que conhecer e acreditar na técnica com a qual se trabalha também pode ter influência positiva nos resultados. Os inseminadores que conheciam/acreditavam na técnica de IATF obtiveram melhores resultados do que os que não acreditavam (40% vs 36% de prenhez), podendo comprometer os resultados dos programas de IA (Russi, 2008).
Frente a isso, torna-se cada vez mais importante o treinamento/reciclagem dos inseminadores e a disseminação da técnica de IA/IATF (Russi et al., 2009). Pois além de aumentar a habilidade dos funcionários, ambos são de extrema importância para aumentar a confiança e a auto-estima dos mesmos. Atitudes que valorizam a equipe envolvida podem resultar em melhoras significativas dentro da propriedade, principalmente, quando se trata de IA/IATF.
Fonte: OUROFINO Agronegócios
Adaptação: Revista Veterinária
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