O colapso traqueal (CT) é uma das causas mais frequentes de obstrução parcial das vias aéreas no cão; trata-se de um processo crônico degenerativo e progressivo. A traqueia se assemelha a um túnel formado por arcos firmes (cartilagens). Visto de trás os arcos tem a forma de “U” com uma membrana fechando firmemente o topo. Quando as cartilagens amolecem, elas colapsam e diminuem o interior do túnel. A membrana então se torna flácida, bloqueando o interior do túnel. Isso resulta na impossibilidade de levar ar para dentro e fora da traqueia e pulmões durante a respiração.
O CT afeta com mais frequência os cães de raças pequenas e de qualquer idade. Os cães da raça York Shire são são os mais afetados, porém os Lulus da Pomerânia, Malteses, Pinschers, Poodles e outras raças miniaturas estão predispostas. A etiologia é desconhecida sendo provavelmente multifatorial (genético, trauma, senilidade, etc.). A faixa de idade na qual aparecem os sintomas está entre os 6 e 7 anos.
Os cães afetados costumam apresentar um histórico de engasgos, mímicas de vômito e tosse crônica, embora em muitos casos o CT possa se manifestar com quadros agudos de dispneia (angústia respiratória). Outro sinal clínico é intolerância ao exercício e em casos graves, cianose (mucosas e/ou língua azuladas) e síncopes (desmaios). A sintomatologia ocorre com mais frequência durante a excitação e o nervosismo do animal, quando comem ou bebem e por exposição a irritantes traqueais (fumaça, pó). O quadro costuma se agravar pela obesidade do paciente e quando o ambiente é seco ou úmido.
O trabalho diagnóstico serve para identificar fatores predisponentes e otimização da terapia. O exame radiográfico pode ser utilizado para confirmação do diagnóstico. Outros exames como o eletrocardiograma e o ecocardiograma são utilizados para verificar alterações cardíacas associadas ao CT.
A opção terapêutica deve ser escolhida em função da gravidade dos sinais clínicos e da extensão do colapso. Um estudo retrospectivo recente mostrou que, com tratamento medicamentoso, 71% dos cães apresentavam um controle clínico aceitável da sintomatologia em longo prazo. Métodos cirúrgicos como aplicações de próteses nos anéis traqueais podem ser utilizados na terapia de animais jovens, em animais idosos o risco cirúrgico é alto. O diagnóstico inicial e o tratamento são dados com objetivo de melhorar a qualidade de vida.
O prognóstico é relativamente bom, caso o proprietário do cão siga regularmente as orientações do cardiologista veterinário com os horários das medicações e o retorno nas reavaliações clínicas.
Por: DR. Cícero Geraldo P. de Santana
Conheça o Curso de Emergências e Pronto Atendimento em Pequenos Animais