A conjuntiva é uma membrana altamente vascularizada, com uma trama de pequenos vasos, que recobre o olho. É facilmente inflamada por numerosas causas e independentemente da causa, a aparência clínica da inflamação é bastante semelhante. Dessa maneira, é fundamental o conhecimento das possíveis etiologias da conjuntivite em felinos para o desenvolvimento de planos diagnóstico e terapêutico adequados.
Os sinais clínicos incluem descarga ocular (serosa, mucosa ou purulenta), quemose conjuntival, hiperemia conjuntival, associadas ou não a outras alterações oculares.
Os agentes infecciosos que causam conjuntivite em gatos são Chlamydophila psittacci (felis), Mycoplasma felis, Herpesvírus felino tipo 1 (HV-1), calicivírus e menos comumente bactérias gram-positivas, fungos e parasitas. Conjuntivite neonatal pode ocorrer com as pálpebras ainda fechadas, geralmente causada por herpesvírus e/ou infecções bacterianas.
As causas alérgicas ou imunomediadas causadoras de conjuntivite felina são antígenos externos como pólen (hipersensibilidade do tipo I), alergias alimentares, picadas de insetos e doenças auto-imunes.
Como causas traumáticas ou irritantes destacam-se as substâncias químicas pulverizadas ou esfregadas sobre a face do gato, e menos comumente inflamações crônicas causadas por distiquíase, triquíase, cílios ectópicos, além de entrópio (raro) por traumatismo ocular.
Outras doenças oculares como úlcera de córnea, uveíte ou glaucoma podem cursar com conjuntivite em felinos.
O diagnóstico primário deve incluir anamnese completa, abordando especialmente a duração ou recidiva dos sinais clínicos além da existência de contactantes que apresentem a mesma sintomatologia clínica. Infecções por herpesvírus são frequentemente recidivantes enquanto que a clamidiose e a micoplasmose tendem a ser crônicas durante várias semanas, sendo autolimitantes e não recidivantes. Conjuntivite associada a sinais respiratórios superiores sugerem etiologia viral ou sistêmica.
O diagnóstico secundário baseia-se no exame oftálmico, citologia conjuntival ou da secreção ocular, swab para cultura de microorganismos e até mesmo PCR.
O tratamento depende da causa da conjuntivite, mas deve ser direcionado inicialmente para clamidiose e micoplasmose. Preparações tópicas oculares, associadas ou não a medicações de uso oral ou parenteral, são a melhor forma de tratamento.
Autor: Tathiana Mourão dos Anjos (ANJOS, T.M.) Professora dos cursos de Medicina Felina e de Nefrologia e Urologia em Pequenos Animais do CPT Cursos Presenciais.
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