Enterotoxemia em bovinos é uma infecção intestinal aguda e não contagiosa. Geralmente fatal, a doença é causada pela bactéria Clostridium perfringens que resulta na toxemia sistêmica do animal e causa diversos prejuízos aos proprietários.
A rápida evolução da enfermidade, sinais graves e as altas taxas de mortalidades se tornam preocupação constante para quem lida diretamente com o gado. Pois, a enterotoxemia está diretamente ligada com a alimentação. Ou seja, animais com uma dieta mal balanceada (muito rica em grãos) são mais propensos a apresentá-la.
Existem dois tipos dessa doença, que são a enterite hemorrágica, relacionada ao Clostridium perfringens tipo C, e o Clostridium perfringens tipo D que está associada a sinais clínicos neurológicos e morte súbita. Continue a leitura e saiba mais sobre essa doença!
Tipo de Enterotoxemia em bovinos
Enterotoxemia por Clostridium perfringens tipo C
A enterotoxemia causada pela bactéria Clostridium perfringens tipo C, chamada também de enterite necrótica ou hemorrágica, é provocada a princípio pela toxina beta que é formada por esta bactéria. Ocorre especialmente em bezerros recém-nascidos, por causa de problemas ligados à colonização da bactéria no trato intestinal, ao fornecimento de colostro e a redução de produção de tripsina endógena por esses animais.
Animais já acometidos ou portadores de C. perfringens tipo C liberam esporos junto com as fezes, contaminando o ambiente. Então, esses esporos são ingeridos pelos animais, que são mais suscetíveis à enfermidade, entram em contato com a mucosa intestinal que não tem sua microbiota estabelecida e se desenvolvem. Durante e após a colonização é produzida a toxina beta, que é a grande responsável pelas lesões causadas no intestino delgado.
A enterotoxemia por C. perfringens tipo C pode ser classificada em superaguda, aguda ou crônica. Os sinais clínicos nos animais afetados pelo tipo superaguda e aguda da enfermidade são:
- Diarréia sanguinolenta aguda;
- Desidratação;
- Anorexia;
- Dor abdominal intensa;
- Apatia;
- Morte, comumente súbita.
A forma crônica pode afetar eventualmente animais mais velhos, devido a ingestão de grandes quantidades de alimentos que contém inibidores de tripsina. Que é caracterizada por diarreia sem sangue e desidratação.
Enterotoxemia por Clostridium perfringens tipo D
A enterotoxemia por Clostridium perfringens tipo D, conhecida também por doença do rim polposo ou da superalimentação. A enfermidade é formada pela toxina épsilon desta bactéria. As espécies mais afetadas são os ovinos e caprinos,contudo, os bovinos também podem ser acometidos, sendo mais comum nos bezerros.
A C. perfringens tipo D, pode ser um morador normal dos intestinos dos ruminantes ou ser obtido a partir do ambiente ou de alimentos. Pode acontecer um desequilíbrio da microbiota intestinal, multiplicação exacerbada da bactéria, e consequentemente uma alta produção de toxinas, em algumas circunstâncias.
As razões para que isto ocorra frequentemente estão relacionadas a:
- Mudanças repentinas de dieta, sem período de adaptação, especialmente com alimentos ricos em carboidratos fermentáveis, como por exemplo, pastos luxuriantes, grãos e rações concentradas;
- Superalimentação;
- Infestação por vermes intestinais;
- Infestação por coccídeos;
- Administração de drogas, como a fenotiazina e netobimina;
- Frio ou calor excessivos;
- Fatores que levam o animal ao estresse;
- Baixa imunidade contra a toxina épsilon, causada pela falta de vacinação contra a mesma ou falhas vacinais.
Em seguida, a alta produção de toxinas, levam elas a agirem no intestino, provocando ou não lesões, fazendo com que a permeabilidade vascular do órgão aumente e as toxinas são absorvidas e distribuídas, pela circulação sanguínea, para outros órgãos. A morte súbita dos bovinos sem causa visível, pode estar ligada a enterotoxemia por C. perfringens tipo D.
Os sinais e lesões observados, baseados principalmente em estudos de indução experimental da doenças, são:
- Dispnéia;
- Letargia;
- Redução da motilidade ruminal;
- Ataxia;
- Perda de consciência;
- Convulsões;
- Cegueira;
- Perda de reflexo pupilar;
- Estrabismo;
- Bruxismo;
- Tônus muscular diminuído;
- Hipersalivação;
- Pedalagem, dentre outros.
Podendo também levar a sinais, como o edema pulmonar, hidropericárdio, hidrotórax, hidroperitôneo,hemorragia de mucosas, conteúdo aquoso no intestino delgado, edema perivascular proteináceo e encefalomalácia focal simétrica.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da enterotoxemia deve sempre ser realizado por um médico veterinário, que será responsável por analisar o histórico do animal e os sinais clínicos apresentados. Entretanto, o diagnóstico assertivo só é obtido por meio dos exames laboratoriais.
Quando a enfermidade é diagnosticada a tempo, o tratamento é realizado com antibióticos. Dessa forma, a prevenção é ainda a melhor forma de evitar a doença, veja sobre o assunto no próximo tópico.
Prevenção
A vacinação antes do período que antecede o início do confinamento é a principal forma de prevenção. Portanto, ela deve ser aplicada nos animais aos 4 meses com um reforço após 30 dias, a partir daí deve-se fazer a imunização anualmente.
Outro controle da enterotoxemia pode ser feito pela administração de uma dieta equilibrada, com o menor fornecimento de grãos e aumento de fibras consumidos pelo rebanho.
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