Estudo inédito aponta as principais doenças que acometem cães e gatos

Um estudo inédito realizado durante 2,1 milhões de atendimentos clínicos de cães e cerca de 450 mil gatos em 770 hospitais veterinários de 43 estados norte-americanos identificou as doenças corriqueiras que estão afetando os animais de estimação nos últimos anos.

 

“Por meio do nosso compromisso em oferecer um mundo melhor para os pets, queremos utilizar o nosso conhecimento para ajudar os veterinários e donos a cuidarem de seus animais, além de sensibilizar para os problemas de saúde que afetam cães e gatos.”, explica Jeffrey Klausner, diretor-médico do Banfield Pet Hospital, empresa da Mars, responsável pelo levantamento.
Entre os principais diagnósticos registrados em pets estão:

 

Diabetes – desde 2006, tem havido um aumento de 32% de diabetes canina e um aumento de 16% de casos em felinos;
• Dirofilariose – a doença parasitária que afeta os corações dos cães é um dos três maiores riscos de saúde para animais no sul dos Estados Unidos;

 

Problemas dentários – a doença mais comum entre cães e gatos, afetando 68% dos gatos e 78% dos cães com idade superior a 3 anos. A doença dentária tem sido associada a alterações no fígado, rins e funções cardíacas;

 

Otite externa (infecção do ouvido) – a segunda doença mais comum tem tido um aumento de 9,4% em cães e um aumento de 34% em gatos desde 2006;

 

Pulgas e Carrapatos – a proporção de infestação de pulgas aumentou 16% em cães e gatos em 12% nos últimos cinco anos;

 

Parasitas internos – lombrigas, tênias e solitárias podem ser transmitidas para os seres humanos. Ascarídeos, ancilostomídeos e nematódeos têm aumentado em gatos desde 2006, enquanto ancilostomídeos e nematódeos têm crescido na população canina.
A a médica veterinária Cristiane Astrini, diretora da Call Vet Clínica Veterinária, esclarece como prevenir e detectar algumas das doenças apontadas no estudo americano visando melhorar a qualidade e aumentar a expectativa de vida de cães e gatos brasileiros.

 

* Diabetes
Prevenção: evitar a obesidade em cães e gatos, que é um fator predisponente; evitar que os animais consumam uma dieta rica em lipídeos e açúcares;
Sintomas: forma simples de detectar o diabetes é observando a presença de formigas no local onde o animal urinou, o que sugere a presença de glicose na urina. Pode-se também observar no animal os 4 Ps: poliúria ( urinar demais), polidipsia ( beber água de forma exagerada), polifagia ( desejo exagerado de comer) e perda repentina de peso sem motivo aparente, como restrição de alimento por exemplo.
Diagnóstico: Quando houver suspeita de Diabetes, o animal deverá ser levado ao médico veterinário para que um teste de glicemia de jejum seja feito. Devemos fazer a glicemia de jejum a cada 2 meses em animais com suspeita de Diabetes e em animais com o diabetes já diagnosticado o controle da glicemia deverá ser diário até ser estabilizado com o uso de insulina e mudança na alimentação. O manejo alimentar terá que ser alterado, mudando-se a ração para uma ração específica para animais diabéticos. Também, terá de ser estabelecido um tratamento a base de aplicações de insulina.

 

* Otite: é uma infecção no conduto auditivo: que pode ser causada por bactérias, fungos ou ácaros. Ela causa prurido, dor, vermelhidão, odor forte , produção exacerbada  de cerúmen, que poderá estar com a coloração alterada.
Prevenção: animais com orelhas caídas são mais susceptíveis a otites. O animal deverá ser levado ao veterinário sempre que os sintomas acima forem observados, ou a cada 6 meses para consulta de rotina. Devemos sempre orientar as pessoas que dão banho no animal para proteger bem os ouvidos e não permitir que entre água nos condutos. Depois do banho os ouvidos devem ser secos com algodão.
Sintomas: o proprietário geralmente detecta essas alterações e percebe que seu cão balança as orelhas, e então o leva ao veterinário.
Diagnóstico: o clínico, através da otoscopia, que é a visualização do conduto auditivo com o uso do otoscópio, vai diagnosticar o problema. Exames complementares como a análise da secreção otológica poderão ser necessários para o diagnostico do tipo de otite que o animal apresenta. A partir daí um tratamento será instituido, com o uso de pomadas otológicas, soluções limpadoras de conduto auditivo e em casos mais graves medicação sistêmica.

 

* Dirofilariose: surge através da picada de um mosquito hospedeiro do agente patógeno. Esse mosquito se tornou hospedeiro picando outro cão contaminado. Essa doença pode ficar sem manifestar sintomas por longos períodos da vida do animal, a não ser que a infestação seja muito grande, causando assim uma insuficiência cardíaca.
Sintomas: o animal passa a ter então os sintomas dessa insuficiência, como cansaço, tosse, cianose ( mucosas de coloração azulada), ascite ( ou barriga d'água) e edema pulmonar em casos graves.

 

* Problemas dentários:
Prevenção: a profilaxia deve ser feita através da escovação diária dos dentes, com o uso de creme dental próprio para animais, que pode ser deglutido porque não contem saponáceos e flúor, que poderão causar toxicidade nos animais. O uso de biscoitos e ossinhos que ajudam a limpar os dentes também é valido, mas não substitui a escovação. A cada 6 meses o animal deverá passar por uma consulta veterinária, onde o clínico vai examinar a cavidade oral e avaliar a necessidade ou não de uma limpeza.
Procedimentos: quando os cálculos dentários conhecidos vulgarmente como tártaro já se instalaram nos dentes, o que se deve fazer é o procedimento de raspagem, polimento e fluoração dos dentes. Esse procedimento deverá ser obrigatoriamente realizado sob o efeito de anestesia geral, pois em alguns pontos poderá ser doloroso e porque há a necessidade de acessar a face interna dos dentes, além dos dentes molares que ficam no fundo da cavidade oral. O animal acordado jamais permitirá a manipulação desses locais, prejudicando a qualidade do procedimento e levando a riscos de traumas na boca, uma vez que os instrumentos utilizados para a remoção do tártaro são afiados e pontiagudos. A raspagem poderá ser realizada com o uso de curetas ou com um aparelho de ultrassom.Ela visa remover as placas de tártaro. Depois, um polimento deverá ser realizado, no intuito de deixar a superfície do dente bem lisa, para dificultar a aderencia da placa bacteriana no dente novamente. Por fim, um banho de flúor é aplicado nos dentes.

 

* Pulgas e Carrapatos: animais que frequentam a rua ou locais com aglomeração de outros animais estão mais susceptíveis a adquirir pulgas e carrapatos. Por isso, o uso de ectoparasiticidas deve ser feito de forma regular, uma vez ao mês. Além disso, sabe-se que quando há uma infestação, apenas o tratamento do animal não é o suficiente. Devemos tratar também o ambiente onde o indivíduo vive, pois lá existe um grande número de ovos, larvas e pupas dos ectoparasitas. Animais alérgicos podem sofrer muito com pulgas, pois basta uma picada para que eles tenham a liberação de uma substância no corpo chamada histamina, que vai causar um prurido intenso por toda a superfície corpórea e por longos períodos de tempo. Carrapatos podem ser responsáveis pela transmissão de várias doenças sérias, que, se não diagnosticadas e tratadas a tempo, poderão até levar ao óbito do paciente.

 

* Parasitas internos: podem ser adquiridos através da ingestão de ovos de parasitas, que pode ocorrer com o indivíduo pisando em sujidades de outros cães na rua e depois lambendo as patas. Também, lambendo diretamente sujidades nas calçadas ou, ainda ingerindo água contaminada. A prevalência poderá ser maior em locais com grande concentração de animais.
Prevenção: animais deverão realizar o exame parasitológico de fezes a cada 4 meses, no intuito de detectar infestações de parasitas intestinais. O uso indiscriminado de parasiticidas é contra indicado, pois poderá gerar resistência parasitária. O tratamento correto deverá ser indicado pelo veterinário, levando em consideração o peso do animal.

A Dra. Cristiane Astrini também alerta para outras doenças comuns em cães e gatos, como problemas dermatológicos, otopatias, nefropatias e problemas oncológicos. Portanto a qualquer sinal de mudança procure um médico veterinário de confiança.

 

Fonte: Época SP

 

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