A exodontia em pequenos animais, ou simplesmente a extração dos dentes, é um procedimento cirúrgico frequente na prática odontológica dos cães e gatos. Seu uso segue a mesma crescente de sua área, a odontologia veterinária, que tem ganhado espaço no ramo do atendimento de pets.
Mesmo que alguns ainda as considerem comuns e menores, as cirurgias de extração dentária em animais precisam ser realizadas com o mesmo preparo e conhecimento que qualquer outro procedimento cirúrgico. Isso se dá, pois mesmo sendo simples, o processo requer uso de anestésicos e sedativos, sendo necessário um conhecimento prévio e preparação do paciente, ainda assim com riscos de complicações durante o processo.
Apesar de eu uso recorrente como técnica da odontologia em cães e gatos, antes da indicação da exodontia, é preciso avaliar as possibilidades de tratamentos mais conservadores. Neste artigo vamos explorar um pouco mais sobre a definição desta técnica, suas indicações e o que é necessário para realizá-la com segurança para o paciente.
Boa Leitura!
No que consiste a exodontia em pequenos animais?
A exodontia em pequenos animais, se caracteriza como sendo a remoção do dente de seu alvéolo através da dilatação deste e com o rompimento das fibras periodontais que ligam o dente ao tecido ósseo. A escolha pela exodontia, bem como de qual de suas técnicas deve ser utilizada, varia de acordo com o diagnóstico do paciente e com qual dente precisa ser extraído.
Dependendo do dente a ser extraído, é possível a realização da técnica não cirúrgica, também chamada de simples, ou por via alveolar. Nesta técnica, o dente do animal é luxado em seu alvéolo e extraído, sem necessidade de acesso cirúrgico. Em outros casos, é indicado o uso da técnica cirúrgica, também conhecida como complicada ou por via extra-alveolar. Aqui, o veterinário pode optar por técnicas como a odontosecção, corte de retalhos na gengiva ou, ainda, a alveolectomia.
Independentemente do processo escolhido, para a aplicação da exodontia como tratamento, é preciso obter a autorização do proprietário. Além disso, o paciente deve realizar radiografias intra orais, de modo a permitir que o veterinário tenha boa visibilidade e acesso ao campo cirúrgico, caso necessário. Um ponto importante é que, como em toda cirurgia, se este for o caminho escolhido, deve-se procurar evitar e estabilizar a dor.
Como é feito o processo da exodontia em pequenos animais?
De modo geral, o processo da exodontia tende a seguir a forma: sindesmotomia, odontosecção, luxação e avulsão do dente, curetagem e sutura do sítio da extração. A seguir, listamos as principais características de cada uma das etapas listadas:
- Sindesmotomia: é o descolamento da gengiva, ou seja, nesse momento o veterinário realiza o rompimento das fibras que ligam esse tecido é o dente por meio da quebra do ligamento periodontal e do epitélio juncional;
- Odontosecção: aqui, o veterinário deve realizar a separação da raiz do dente a ser extraído na altura da coroa;
- Luxação: após a odontosecção, o veterinário deve realizar a luxação, que é a separação das fibras que existem entre a raiz do dente e o osso alveolar;
- Extração: com o auxílio de um fórceps é feita a retirada do dente do alvéolo, realizando movimentos de suaves rotações. Nesse processo é preciso se certificar que houve a remoção completa do dente e sua raiz;
- Curetagem: esse processo é essencial para a cicatrização correta de todo o procedimento, onde é feito a limpeza do alvéolo, para que haja o estímulo correto para a formação do coágulo de cicatrização;
- Sutura: o processo de sutura a ser realizado deve ser feito com fio absorvível e pontos separados, sendo indicado para casos de procedimentos profundos e de comunicação oronasal.
Vale ressaltar que, para executar o procedimento de forma correta, é preciso que o profissional tenha experiência e segurança na realização de procedimentos cirúrgicos.
Quando a exodontia é indicada como tratamento odontológico?
Com o avanço da medicina veterinária, principalmente no segmento da odontologia, a exodontia em pequenos animais tem sido utilizada, cada vez mais, como último recurso no tratamento de doenças e problemas dentários. Assim, conhecer quando esta costuma ser mais indicada é um importante passo do processo de diagnóstico e tratamento, já que submeter um paciente a esse procedimento apresenta riscos.
Diante disso, separamos alguns cenários em que a exodontia tende a ser recomendada:
Periodontite grave
A periodontite, ou infecção da placa dental por bactérias que causam a destruição do periodonto responsável pela fixação do dente, é comumente causada por má higienização bucal dos animais. Com o agravamento dessa infecção, a extração do dente pode ser recomendada mediante avaliação prévia.
Para que o tratamento a ser realizado seja escolhido de forma correta, é recomendada a realização de uma radiografia intra-oral que, junto da avaliação clínica, vai permitir ao veterinário um diagnóstico mais completo.
Fraturas dentárias
Quando ocorrem fraturas nos dentes dos animais que, por qualquer razão, não são passíveis de restauração por meio de outros procedimentos, a exodontia é o tratamento indicado. Normalmente, isso acontece quando há dano extenso e profundo, como comprometimento da coroa em direção à raiz.
Dentes decíduos persistentes
A troca dos dentes pela dentição permanente é comum em mamíferos, e a permanência de alguns desses dentes após determinado período de tempo pode causar desvios e problemas odontológicos que comprometam a saúde desse animal. O período de tempo para a troca completa dos dentes varia de acordo com a espécie, e a incidência de dentes decíduos persistentes pode variar seguindo esse mesmo critério, além de critérios de raça e tipo de dente. Em cães, por exemplo, a incidência de dentes decíduos persistentes é comum em raças de pequeno porte, como yorkshire, poodle, pinscher e maltês.
Quando esse problema surge, a extração do dente tende a ser uma solução para evitar complicações. Vale ressaltar que em dentes de raiz profunda, como caninos, esse processo é mais complexo, requerendo ainda mais experiência e atenção do veterinário responsável.
Avulsão ou luxação do dente
Quando há o deslocamento ou extração violenta, causados por trauma na maioria dos casos, e o dente sofre separação do alvéolo e perda de vascularização, a exodontia é o tratamento indicado quando não há possibilidade de reimplantação.
Escurecimento do dente do animal
O escurecimento do dente é um forte indicativo da morte pulpar. Para que a extração ocorra nesses casos, é preciso uma avaliação clínica e radiológica mais completa, além da inviabilização de tratamento endodôntico.
Cisto dentígero
Também denominados de tumores odontogênicos, a ocorrência de cistos dentígeros é mais comum do que se supõe. Podendo variar entre epitelial, mesenquimal e misto, o tratamento recomendado costuma ser a exodontia, com remoção completa do do germe dentário. Nesses casos a curetagem é parte fundamental do processo.
Quando NÃO usar a exodontia como tratamento?
Assim como outras formas de tratamentos cirúrgicos, a exodontia em pequenos animais não deve ser aplicada em todo caso, mesmo o caso sendo parte das situações listadas anteriormente. Isso porque, como em sua maioria a técnica necessária é a cirúrgica, é preciso avaliar as condições do paciente em questão.
É, portanto, necessária a realização dos exames de risco cirúrgico. Somente com estes resultados somados à avaliação clínica e de histórico de saúde do paciente, é que uma decisão sobre o tratamento deve ser tomada.
Diante desse cenário, fica claro como a experiência prática, seja na tomada de decisão ou na execução de um tratamento, faz toda a diferença para o veterinário. Se você está buscando uma maneira de exercer de forma segura a odontologia veterinária e aplicá-la de forma precisa e eficiente na rotina de seus pacientes, temos uma dica para você!
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Fonte: Smile4Pets, LIMA, T. (UFRGS)