As famílias brasileiras estão gastando cada vez mais com consultas, medicamentos e vacinas para seus pets. Os gastos são equivalentes ao faturamento anual dos maiores hospitais particular do país. Os cuidados com os bichinhos de estimação chegaram a uma nova e extraordinária fronteira – a dos serviços veterinários de altíssima qualidade. Para o rápido entendimento do que isso significa na prática, recomenda-se pensar na tecnologia de diagnóstico e tratamento oferecida pelos bons hospitais brasileiros. Se o equipamento estiver sendo oferecido aos pacientes humanos, é muitíssimo provável que também esteja disponível para cães e gatos, especialmente nas capitais do Sudeste. Um aparelho de tomografia computadorizada ou de ressonância magnética instalado numa clínica veterinária pode significar a diferença entre a vida e a morte de um bichinho de estimação.
O contingente de cães e gatos domésticos no Brasil é um dos maiores do mundo. Na média, existe um cão e meio para cada lar brasileiro que cria o animal. Já a distribuição regional é desigual. Há mais bichos de estimação no Sul e no Sudeste, onde estão os estados mais ricos, e menos no Nordeste e no Norte, onde ficam os mais pobres. Nas grandes cidades com predomínio da classe média, como Campinas, Curitiba e Porto Alegre, o total de domicílios com algum animalzinho de estimação ultrapassa 50%. É grande o número de pet shops, as lojas que oferecem toda sorte de mimo para os animais, de banho e corte do pelo até brinquedos e roupas, no Brasil. O mercado de serviços e produtos para bichos de estimação é o equivalente ao faturamento do comércio eletrônico no país. Em termos mercadológicos, pode-se dizer que os donos com mais dinheiro estão dispostos a gastá-lo para proporcionar uma vida de cão saudável e confortável.
A cadela Pink, uma pinscher de 9 anos, foi tratada com medicamentos para amenizar a dor causada pelo que os veterinários de Santos, no litoral paulista, acreditavam ser uma hérnia de disco. Como o tratamento não surtia efeito, ela foi levada para São Paulo e submetida a uma tomografia computadorizada. O diagnóstico: um tumor de difícil detecção na segunda vértebra cervical. “Há um ou dois anos, esse diagnóstico nem sequer seria possível”, diz o veterinário André Fonseca Romaldini, do Hospital Veterinário Santa Inês, de São Paulo, que realizou o exame de Pink. A história, infelizmente, tem final triste. O diagnóstico chegou tarde demais para salvar a vida da cachorra.
A história de afeição mútua entre homens e cães é longa. Estudos genéticos recentes concluíram que a parceria começou 14 000 anos atrás, no Oriente Médio. O antepassado do cão foi um lobo atraído pela facilidade de se alimentar dos restos largados em torno das habitações humanas. O relacionamento, no início, foi utilitário para ambos. O cão guardava a aldeia e ajudava nas caçadas. Em troca, era alimentado e protegido de predadores. No caso dos gatos domésticos, todos eles descendentes da única espécie de felino que se deixou domesticar, a troca incluía controlar os ratos que atacavam os estoques de comida e transmitiam doenças. Não se sabe em que momento começou a despontar o vínculo emocional que nos liga a cães e gatos, mas é razoável supor que foi um caso de amor desde o início.
O primeiro tipo de cão a conviver com o homem, não existe mais. Todas as raças atuais (há mais de 500 reconhecidas pelo Kennel Club brasileiro) são o resultado da seleção artificial conduzida pelo homem. O resultado foram animais de todos os tamanhos e temperamentos, e uma enorme quantidade de doenças genéticas e deficiências físicas que tornam nosso melhor amigo um candidato a paciente crônico.
A raça boxer é um exemplo, essa raça de cães amáveis com as crianças é particularmente suscetível a males cardíacos, exigindo que exames veterinários periódicos sejam necessários para fazer soar o alarme a tempo. Em algumas cidades já existe a UTI móvel veterinária o que facilita o atendimento de emergência e o cuidado imediato do animal.
Fonte: Veja
Adaptação: Revista Veterinária