Leptospira é a bactéria patogênica causadora de uma doença infecciosa chamada leptospirose. É altamente contagiosa e foi identificada, no homem, por Weil, no ano de 1886. Entretanto, sua etiologia somente se estabeleceu em 1915, na Alemanha e no Japão, quase que simultaneamente, por Uhlenhuth e Fromme e por Inada Ido.
Os animais são os hospedeiros primários dessa zoonose, essenciais para a permanência dos focos infecciosos, e os seres humanos são considerados hospedeiros acidentais, isto é, pouco concorrem para a perpetuação da doença.
Ela tem seus impactos relacionados à saúde animal, mais ligados à economia, de modo particular. A leptospirose bovina está direta ou indiretamente relacionada às falhas reprodutivas (queda na produção de leite ou de carne, abortamento ou infertilidade), além das despesas com vacinas, médicos veterinários e medicamentos.
Leptospirainterrogans – Estas bactérias são microrganismos espiralados, com ágil locomoção. Cultivados em meios especiais, contendo soro, pois morrem facilmente, por serem muito frágeis.
Apesar de todos os mamíferos estarem sujeitos à contaminação por leptospira, os bovinos são mais afetados pelos sorovareshardjo, Pomona, grippotyphosaeicterohaemorrhagiae, que, uma vez introduzido no rebanho, estabelece níveis variados de infecção, podendo persistir por longos períodos. Esta infecção acontece independentemente de estações chuvosas ou de sistemas de criação.
Solos neutros ou alcalinos, regiões de clima tropical, com alto índice pluviométrico são os mais favoráveis para o acometimento dessa bactéria. A gravidade da doença é determinada pela susceptibilidade do indivíduo e pela adaptação do microrganismo. Existem animais que, mesmo sem apresentarem sinais clínicos da doença, tornam-se disseminadores desse mal, como os roedores Rattusnovergicus, Mus musculusrattus são reservatórios da doença, nos bovinos.
Asleptospiras permanecem incubadas por um período que varia de três a quatorze dias. Em seguida, alcançam a corrente sanguínea. Dependendo do estado imunitário do animal, e devido à produção deanticorpos circulantes, elas deixam a corrente circulatória em direção ao fígado, baço, rins, trato reprodutivo, olhos e SNC.
A doença pode ocorrer tanto na forma aguda, como subaguda e crônica. Na forma aguda, o animal apresenta febre, hemoglobinúria, icterícia, anorexia, aborto e queda na produção do leite causada por uma mastite atípica, com o úbere podendo apresentar-se edematoso e flácido à palpação, e o leite torna-se amarelado ou sanguinolento, sinais clássicos da infecção pela sorovar hardjo.
O diagnóstico da leptospirose depende de uma boa história clínica, da vacinação, da disponibilidade de testes laboratoriais e de pessoal com experiência na determinação dodiagnóstico.
O tratamento visa ao controle da infecção, antes da instalação de danos irreparáveis no fígado e rins. De preferência, utilizar a dihidroestreptomicina ou alguma das tetraciclinas, o mais rápido possível, após o aparecimento dos sinais.
Devem-se vacinar os bezerros de quatro a seis meses de idade. A revacinação deve ser anual.
Fonte: Vellée
Adaptação: Revista Veterinária
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