A temperatura é uma variável ambiental que tem papel fundamental na história de vida dos crocodilianos, já que determina o sexo dos indivíduos, o crescimento embrionário e o padrão de termorregulação.
A temperatura é uma variável ambiental que tem papel fundamental na história de vida dos crocodilianos, já que determina o sexo dos indivíduos, o crescimento embrionário e o padrão de termorregulação. A temperatura selecionada pelos crocodilianos é afetada pelo estado nutricional, idade, relações sociais e a temperatura em que o indivíduo foi incubado quando embrião.
A temperatura de incubação dos ovos determina o sexo dos embriões do jacaré-do-Pantanal, Caiman crocodilus yacare. O ninho incubado e a temperatura baixa (<31.5 oC), produzem fêmeas, já a temperatura alta (>31.5oC) produz, principalmente, machos. As temperaturas dos ninhos variam em respostas à insolação, chuva e à temperatura do ar. O local do ninho, na floresta ou vegetação flutuante, sofre diferentes efeitos das condições ambientais, o que reflete na razão sexual dos jovens. A variação da temperatura dentro dos ninhos de floresta é menor do que os ninhos de vegetação flutuante. Também, a temperatura tem efeito no desenvolvimento embrionário e na sobrevivência dos ovos. Os jovens recém-eclodidos são maiores em ninhos mais quentes do que em ninhos frios, e têm mais chances de sobreviver nos seus habitats naturais.
Os crocodilianos são animais ectotérmicos que regulam sua temperatura corporal através do ambiente, sendo que a produção metabólica de calor é insignificante. A temperatura do corpo dos crocodilianos é regulada pelos mecanismos comportamentais e fisiológicos, e pode ser ajustada através de radiação solar e temperatura da água. As temperaturas extremas, altas ou baixas, causam a morte dos crocodilianos por desidratação e desencadeamento do estado tórpido e letárgico, enquanto temperaturas ambientais, em torno de 8o a 11oC, podem induzi-los ao torpor. A temperatura corpórea de Caiman crocodilus yacare, na natureza, varia, fortemente, ao longo do ano, em virtude das variações nas temperaturas ambientais. Nos meses frios, com a alternância de dias frios e quentes, a temperatura média corpórea (25oC) ficou mais baixa do que nos meses quentes do ano (30oC).
Na estação quente, que coincide com o período seco no Pantanal, os jacarés permanecem mais tempo em áreas sombreadas, tanto na terra como na água, do que expostos diretamente aos raios solares.
As interações sociais e reprodutivas também são regidas pelas temperaturas ambientais. Os jacarés se movimentam em horas de temperaturas mais amenas (inicio da manhã, final de tarde e noite) e as disputas pelas fêmeas e vocalizações ocorrem pela manhã.
As implicações da temperatura no estilo de vida do jacaré-do-Pantanal, tanto jovens como adultos, devem ser consideradas em programas de conservação e manejo da espécie no Pantanal.
Autora: Zilca Campos, pesquisadora da Embrapa Pantanal
Fonte: Ambiente Brasil
Adaptação: Revista Veterinária
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