Um “Festival” em homenagem à Santa Efigênia é realizado anualmente, no terceiro final de semana de setembro na cidade de La Quebrada, em San Luis de Cañete (Peru). Conforme publicado recentemente na ANDA, no evento que é chamado “Curruñao”, gatos são mortos e sua carne é servida aos participantes da festa.
A tradição de comer carne de gatos durante as celebrações de Santa Efigênia, Virgem que foi trazida no Século XVII pelos espanhóis a La Quebrada para que os escravos negros a venerassem e se tornou a padroeira da cidade, já é conhecida por turistas nacionais e estrangeiros. Conta-se que os primeiros escravos negros a se estabelecerem na região se alimentavam de gatos.
O evento já é conhecido como “Festival Gastronômico do Gato” por causa da tradição. De acordo com os sites Peru21 e Taringa.net, os animais são sacrificados e, depois, são preparados pratos com sua carne com temperos típicos. “À milanesa”, “torresmo”, “grelhados”, “ao forno com legumes e azeite de oliva”, “à parrilla”, são alguns dos “pratos” servidos no Festival.
Os organizadores da festa afirmam que os felinos são criados especialmente para serem mortos e consumidos nessa festa. Segundo o Peru21, são criados “com muito amor e carinho, por moradores cujas casas se convertem em restaurantes”.
Algumas ONGs, principalmente a Animales Libres de Crueldad y Opresión (ALCO), têm feito protestos contra a continuidade desta barbárie. “Como é possível que em pleno Século XXI se cometa essa selvageria com a conivência de autoridades?”, assinala a ALCO em um comunicado, e diz considerar a matança algo “macabro, espantoso e selvagem”.
Os organizadores do evento responderam que respeitam os costumes culturais de outros países e por isso pedem respeito “à sua tradição e à defesa de sua multiculturalidade”.
Este “Festival” não só é aprovado e autorizado pelas autoridades locais e pelo Governo, mas também por muitos meios de comunicação e alguns políticos no Peru, que veem a morte e o consumo da carne deste animal como algo divertido e admissível.
As informações que se tem sobre o evento são as divulgadas pela mídia local, e muitos fatos dos bastidores não são acessíveis. Não se sabe, por exemplo, de que forma os gatos são sacrificados. Em vídeo publicado pela tvuol, é dito que os gatos “são afogados, fritos e comidos”, trazendo a informação de que eles, ou alguns deles, supostamente sejam mortos por afogamento.
De acordo com o Taringa.net é estimado que 70 gatos tenham sido mortos no evento deste ano. Além do sacrifício dos animais para alimentação humana, muitos gatos também são submetidos a uma “corrida”, sobre a qual também não se tem muita informação por parte do noticiário local peruano. Gatos são animais reservados e não se sabe de práticas de corrida de gatos pelo mundo, o que leva a imaginar o teor de estupidez de tal exibição. Talvez a corrida à qual seja forçado a realizar preceda a morte dos mesmos.
O “Festival” é ilegal, porque contraria a Lei de Proteção aos Animais no Peru (Lei Nº 27265). No entanto, a prática parece remontar à Idade da Pedra, e nesse caso a Lei é visivelmente desrespeitada inclusive pelas autoridades.
A morte dos gatos para alimentação humana além de ser algo repugnante, o consumo ainda traz riscos à própria saúde dos humanos, pois alguns gatos caçam ratos e a ingestão de sua carne pode transmitir toxoplasmose.
Fonte: Anda
Adaptação: Revista Veterinária
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