Alguns produtores descobriram, em técnicas ainda pouco utilizadas no Brasil, uma ótima solução para aumentar seus rebanhos de leite ou corte. O uso da IATF vem se apresentando de grande importância para a pecuária, facilitando o trabalho e maximizando os resultados.
Há tempos alguns produtores faziam o uso da Inseminação Artificial em suas fazendas, mas uma das grandes dificuldades da técnica é a identificação do momento exato do cio das vacas. Porém a IATF, Inseminação Artificial em Tempo Fixo pode solucionar esse problema. Seu uso permite que os produtores programem a inseminação para o dia de sua escolha.
A fazenda Agrinduz, segunda maior produtora de leite do Brasil, é um exemplo dos resultados positivos que a técnica da IAFT gera no trabalho com o gado de leite. Localizada à 250 Km da Cidade de São Paulo, a fazenda hoje produz cerca de 42 mil litros de leite por dia e sua sala de ordenha funciona 24horas por dia sem parar.
No total são 1.300 vacas holandesas em lactação, com produção média de 31 litros por animal por dia. O sistema utilizado é de confinamento e a alimentação é feita com os grãos cultivados pela fazenda.
O sucesso da fazenda, se deve principalmente ao melhoramento genético do rebanho iniciado há 31 anos com a introdução da Inseminação Artificial. Um método simples, mais que depende de um manejo prévio muito trabalhoso, que é o da observação do cio das vacas durante o dia e a noite.
Hoje, com o uso da IATF o produtor pode eliminar a etapa de observação do cio das vacas e facilitar o manejo da inseminação, através do uso de hormônios que induzem a ovulação da vaca e permitem a inseminação no dia que o produtor quiser.
Um dos hormônios utilizados nesta técnica é a progesterona, aplicada num dispositivo de silicone que é introduzido na vagina das vacas. Segundo Pietro Baruselli, médico veterinário, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, o hormônio é colocado dentro de uma espécie de seringa gigante, feita de PVC, e fica preso em uma cordinha para que possa ser retirado a partir do 10º dia, quando o produtor já pode fazer a inseminação.
Baruselli explica que o sistema reprodutivo é regido por glândulas e a progesterona é um hormônio extremamente importante para fazer com que os folículos cresçam no ovário e tenham condição de ovular. O objetivo principal é ter esse processo de sincronização bem definido para que a inseminação possa ser realizada sem a necessidade de detecção do cio. Todas as vacas têm crescimento folicular e ovulação em dia e horário definidos. O hormônio utilizado não tem efeito algum sobre o leite que vai ser produzido e posteriormente sobre a saúde humana.
O uso da IATF também é usada no manejo da inseminação em criação de gado de corte, e apresenta ótimos resultados.
A fazenda Jaraguá município de Gaúcha do Norte, no Mato Grosso, faz cria, recria e engorda de gado nelore. A dificuldade encontrada para a inseminação artificial é a mesma do gado de leite, a mão-de-obra para observação do cio. Os técnicos até pensaram em abandonar a inseminação artificial, mas com a aplicação da IATF eles mudaram de idéia.
Muitos bezerros que acabaram de nascer são filhos de vacas inseminadas com a técnica da IATF. As vacas receberam o sêmen no mesmo dia, e por isso o nascimento dos filhotes também acontece na mesma época. Isso facilita o manejo na fase mais crítica da criação que é a maternidade.
A aplicação da IATF utilizada no gado de corte é a mesma utilizada no gado de leite, o dispositivo e os hormônios também são iguais. O que muda é a época de fazer a aplicação e o manejo, que variam de acordo com o rebanho e o local onde é feita a criação.
Vacas muito magras ou muito gordas não vão responder direito ao uso da técnica. As que estão aptas recebem a primeira dose de hormônio injetável e depois são contidas para a colocação do dispositivo da IATF.
Feitos os tratamentos com hormônio, as vacas são liberadas para pastar, mas o lote tem que permanecer junto no mesmo piquete. Doze dias depois, todas voltam para o curral para a retirada do dispositivo e para receber o sêmen.
Na fazenda Jaraguá antes da técnica da IATF, inseminava no máximo 40 vacas por dia hoje, inseminam até 600 animais por dia. Um dos donos da fazenda Ayrton Leopoldino Neto, mostrou o resultado da aplicação da técnica: bezerros filhos de vacas nelore que receberam sêmen de touros da raça aberdim angus.
Segundo Ayrton, esta é a principal vantagem da IATF: a melhoria dos animais através do cruzamento com raças diferentes. “Esse lote com certeza vai ganhar peso muito mais rápido, sem a inseminação não conseguimos isso”.
Com a segurança de que a inseminação vai ser bem sucedida, tanto os criadores de gado de corte como os de leite podem investir mais na compra do sêmen. Isso possibilita, por exemplo, o uso de novas tecnologias como a do sêmen sexado, aquele que permite escolher o sexo dos animais que vão nascer.
Fonte: Globo Rural
Adaptação: Revista Veterinária
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