O Professor do Curso de Odontologia em Pequenos Animais do CPT Cursos Presenciais, Luiz Cláudio Sofal, fala sobre como é ser um Médico Veterinário, e dá dicas para quem pensa em seguir a profissão.
RV – Porque é que você escolheu ser Médico Veterinário?
LC – Escolhi esta profissão porque sempre gostei muito de animais e queria aprender sobre o funcionamento dos organismos, desde os pequenos, passando pelos selvagens aos grandes animais.
RV – Quando você sentiu que esta seria a sua profissão?
LC – Foi quando fazia o 2º grau e percebi que tinha muito mais prazer em assistir aulas e ler livros de ciências.
RV – O que motivou sua escolha?
LC – Trabalhar com prazer por fazer o que gosto e por ser uma profissão com bom rendimento financeiro.
RV – Basta gostar de animais para ser um bom veterinário?
Não. Precisa muita vontade de trabalhar, ser perseverante, inovador e estar sempre atualizado.
RV – Além da clínica de pequenos animais (em Pet shop), quais outras áreas de atuação de um Médico Veterinário?
LC – Realmente a clínica de pequenos animais é a vitrine da medicina veterinária para a sociedade. Com o crescimento do número de cães e gatos domésticos, o Médico Veterinário tornou-se o “médico da família”, assegurando a saúde dos animais e, consequentemente, também a de seus donos.
Nas propriedades rurais, o Médico Veterinário atua no melhoramento genético, na prevenção e no tratamento de doenças, e também cuida da alimentação de bovinos, aves, suínos, peixes e abelhas utilizadas pelas indústrias de alimentos de origem animal. Contratado pelas indústrias e por produtores rurais como responsável técnico, ele trabalha para garantir a qualidade dos produtos de origem animal. Antes de chegar à mesa dos consumidores, outro Médico Veterinário avalia e certifica esses produtos.
O desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas e até de alimentos para animais também é atribuição dos Médicos Veterinários. Ele está por trás do avanço tecnológico nesta área.
RV – E aí você se formou e entrou prá valer no mercado de trabalho. Você acha que o seu dia-a-dia é melhor, pior ou igual ao que você imaginava antes?
LC – Ficou melhor que eu imaginava, pois a área que escolhi a clínica de pequenos animais, onde trabalho há 15 anos com odontologia, cresce com a evolução da sociedade brasileira que cada vez mais vê seu animal de estimação como um parente.
RV – Quais foram as “ilusões” perdidas e quais foram as “gratas surpresas”?
LC – Uma ilusão perdida foi achar que seria só alegria ajudar os animais, mas muitas vezes deparamos com cenas de muita tristeza como as doenças dos animais, quando nos colocamos no lugar dos proprietários desses animais e sofremos.
Uma grata surpresa foi estar em uma profissão onde temos prazer de acordar cedo para trabalhar, não há rotina, cada dia enfrentamos desafios que sempre nos requer muita concentração e inspiração para solucioná-los.
RV – Quais as principais dificuldades na sua profissão. Os donos ou os cães? Porque?
LC – Os donos. Por que os cães apesar de enfrentarmos bravos, estressados ou ariscos, quase sempre conseguimos resolvermos seus problemas. Já muitos donos às vezes precisam de um psicólogo.
RV – Quais os principais erros que você identifica no cuidado dos cães pelos proprietários? O que você recomendaria?
LC – Deixar o animal ser o líder da casa. Permitir isso causa muitos problemas como até ataque violentos desses cães que por seu instinto precisam demonstrar sua liderança intimidando os moradores da casa.
Evitamos isso quando tratamos o cão ou gato como cão ou gato. Eles precisam ter limites, devem ser educados sem que precisem bater neles, basta uma fala enérgica e na hora certa.
RV – Qual foi o pior caso que você já atendeu? Porque? Qual foi o caso mais CURIOSO que você já atendeu?
LC – É difícil eleger um pior caso, pois já atendi diversos casos que por algum motivo diverso foi muito difícil. Mas lembro de um caso onde fiz um implante em um cão e naquela época não havia nenhum estudo nessa área em cães. Tive que ousar e estudar literatura de implantodontia em humanos. Havia uma ansiedade em saber se o implante osteointregaria, felizmente isso ocorreu.
O mais curioso foi um caso de tumor na mandíbula de um gambá (Didelphis marsupialis), neste tivemos que retirar uma mandíbula e ele viveu bem por um bom tempo.
RV – Na sua opinião, os profissionais costumam se atualizar diante de tantas novidades?
LC – Sim, hoje os colegas que não buscam essas atualizações não estão conseguindo permanecer no mercado, pois a sociedade está cada vez mais inteligente e exigente. Hoje com a internet, o Dr. Google está trazendo clientes cada vez mais entendidos em nossos consultórios. Mas não podemos parar, precisamos buscar incessantemente o conhecimento e a atualização.
RV – Você é a favor de campanhas de castração, como as desenvolvidas pelas Prefeituras? O que falta para que elas melhorem e sejam mais eficientes?
LC – Sou a favor, creio que pontualmente resolve o problema daquele cidadão que por não ter como pagar pela cirurgia vê seu animalzinho gerando filhotes indesejados. Mas para o problema público não é a solução, se a prefeitura não conscientizar a população sobre a importância do controle populacional de cães e gatos, todo trabalho será cirúrgico, será como tratar a obesidade da população humana com lipoaspiração.
RV – Você acha suficiente o conhecimento recebido na Faculdade? O que faz/fez falta?
LC – Hoje com a quantidade de informação disponível, é quase impossível um profissional de qualquer área sair preparado da faculdade. A escola nos dá onde busca a informação, o resto temos que correr atrás em cursos de pós-graduação, capacitação e atualização, é o que tenho feito constantemente além de participar de palestras e congressos da área.
RV – Em termos de infra-estrutura… A Medicina Veterinária vem evoluindo muito nos últimos anos. O que você ainda sente falta?
LC – Sinto falta da profissionalização na gestão da clínicas veterinárias, hoje os colegas estão bastante atualizados na técnicas mas não na administração e marketing.
RV – Fale um pouco da missão do veterinário e da importância do seu trabalho!
LC – Em um mundo onde as pessoas estão cada vez mais isoladas, os animais de estimação estão tendo um importante papel para suprir essa solidão. E para ter essa enorme população de animais de companhia o veterinário é fundamental para a saúde e a harmonia nessa convivência. Em um mundo super povoado e ligado por meio de transportes velozes, epidemias humanas podem afetar animais e vice-versa e afetar todos os países quase ao mesmo tempo. É óbvia a importância da Medicina Veterinária no diagnóstico, na prevenção e também na cura dessas epidemias. Um desafio interessante para o Brasil, nesse contexto, será o de inserir a Medicina Veterinária nos programas públicos de saúde. Afinal, cerca de dois terços das doenças infecciosas são de origem animal.
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